Senafor nasce manco?
Por Simón Berti, presidente do Colégio de Engenheiros Florestais.
Ontem, a Câmara dos Deputados rejeitou o artigo quarto do projeto de lei que transforma a Conaf no Serviço Nacional Florestal (Sernafor), recentemente aprovado pelo Senado.
Essa rejeição foi orquestrada pela Ministra do Meio Ambiente e pedida em voz alta pelo Ministro da Agricultura, que no Senado havia concordado que um tema crucial para a dignidade e competência da nova instituição fosse resolvido por uma comissão técnica.
Essa comissão definiu que, em matéria de florestas, a opinião do Sernafor deveria ser vinculante; caso contrário, o coração de sua atuação, as florestas, estariam submetidos ao Ministério do Meio Ambiente.
Este Ministério quer a tutela completa do Sernafor. O perigoso é que eles veem apenas uma parte, a ambiental, e já sabemos como têm mantido o país ignorando sistematicamente o social e o econômico.
As receitas dos ambientalistas são proibir e proibir. As receitas da engenharia florestal são manejar os bosques de forma sustentável. Foi assim que a Europa recuperou seus recursos florestais após as guerras. Essa competência é a que querem tirar do novo Sernafor, sem contar que já lhe retiraram todos os parques nacionais.
O que vai acontecer quando obrigarem os pequenos e médios proprietários a não tocar em suas florestas? Provavelmente, vão colocar gado ou "casualmente" vão pegar fogo. Assim, em vez de valorizar a floresta nativa com um manejo sustentável, incentiva-se sua degradação.
Esperamos que, na próxima votação, após a comissão mista, senadores e deputados façam o Sernafor nascer com dignidade.
Fonte:BiobioChile