Andreas Köbrich: “As queimadas agrícolas têm sido seguras e gerado poucos incêndios florestais"
No programa "Conversando com a Acoforag", Andreas Köbrich, engenheiro agrônomo e consultor de mercado de cultivos do Departamento de Estudos da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), abordou a problemática da decomposição de resíduos agrícolas no contexto do clima mediterrâneo do Chile e o uso do fogo como ferramenta de manejo agrícola.
Köbrich destacou que o clima mediterrâneo chileno, com verões secos e quentes e invernos frios e úmidos, dificulta a decomposição natural dos resíduos agrícolas. "A atividade microbiana requer umidade e temperatura, mas nossas condições climáticas fazem com que a decomposição seja lenta e, com as técnicas atuais, custosa", afirmou.
Diante desse desafio, o uso do fogo tem sido uma prática tradicional no setor para a eliminação de restolhos e preparação do solo para novos plantios. No entanto, o especialista enfatizou a necessidade de regular e aplicar tecnologia para garantir a segurança dessas queimadas. "Implementamos tecnologia e protocolos de segurança para minimizar riscos. Nos últimos cinco ou seis anos, as queimadas agrícolas têm sido seguras e gerado poucos incêndios florestais", assegurou.
Ventos de até 80 km/h
O também secretário-geral do Consórcio Agrícola do Sul mencionou ainda que a propagação de incêndios não depende exclusivamente do uso do fogo na agricultura, mas de fatores climáticos extremos. "As condições de propagação são chave. Em fevereiro, tivemos ventos de até 80 km/h à noite, algo incomum na Araucanía. Isso favorece a expansão de incêndios, independentemente de sua origem", explicou.
Nesse sentido, Köbrich pediu para não responsabilizar exclusivamente a atividade agrícola pelos incêndios florestais. "Vimos incêndios originados por acidentes, falhas em sistemas de aquecimento ou até mesmo soldas mal executadas. É fundamental analisar o contexto e não fazer acusações precipitadas", indicou.
O especialista ressaltou que a Corporação Nacional Florestal (CONAF) verifica as condições de segurança antes de autorizar uma queimada, incluindo corta-fogos e a disponibilidade de maquinário e pessoal capacitado. "Em alguns anos, utilizou-se tecnologia GPS para monitorar as queimadas e evitar riscos. Não se trata apenas de dar permissões, mas de garantir que as condições de segurança sejam cumpridas", sublinhou.
O engenheiro enfatizou a importância de continuar desenvolvendo técnicas alternativas e seguir melhorando a gestão do fogo no setor agrícola. "A mudança climática está nos levando a condições mais extremas. Devemos trabalhar em conjunto para nos adaptar e gerenciar melhor os riscos", concluiu.
A entrevista completa está no canal do YouTube da Acoforag: