Embaixada chinesa diz que ataque a hidrelétrica "mina" confiança de suas empresas no Chile
A Embaixada da China condenou e exigiu do Governo "uma investigação exaustiva e a implementação de medidas efetivas e concretas para garantir a segurança, tanto do pessoal quanto dos projetos de empresas chinesas no Chile", após o atentado incendiário que atingiu uma usina hidrelétrica na Região de Biobío, de propriedade da Rucalhue Energía SpA, subsidiária do conglomerado China International Water & Electric Corp CWE.
O ataque ocorreu por volta das duas da madrugada, quando um grupo de 12 indivíduos armados e encapuzados, segundo a Polícia de Investigações, no quilômetro 46 da rodovia Q-61 R, na comuna de Santa Bárbara, Região de Biobío, invadiu as obras do projeto, que terá um investimento total de US$ 350 milhões.
No local, ameaçaram e amarraram os seguranças para depois queimar 47 caminhões, outro veículo contêiner de combustível, duas escavadeiras e uma motoniveladora, segundo o balanço da empresa. Posteriormente, os atacantes fugiram e, durante a fuga, espalharam "miguelitos" e cortaram árvores para obstruir a passagem.
Para as associações, como a Multigremial de La Araucanía, em termos materiais, foi o atentado "mais violento e destrutivo dos últimos 30 anos. Supera até o ataque de Los Álamos em 2022, quando 35 veículos foram destruídos".
A missão diplomática de Pequim descreveu os fatos como "atos violentos que causaram ferimentos aos funcionários do projeto, graves danos à infraestrutura e grandes perdas econômicas, minando seriamente a confiança das empresas chinesas na segurança local e no ambiente de negócios, reduzindo seu entusiasmo por investir na região".
"Os investimentos chineses contribuíram ativamente para a prosperidade econômica, a criação de empregos locais e sempre priorizaram o cumprimento de responsabilidades sociais corporativas: protegendo o meio ambiente, promovendo iniciativas filantrópicas como bolsas de estudo para alunos vulneráveis, ações que contam com amplo reconhecimento da população", afirmou a embaixada em comunicado enviado ao ser consultada pelo 'El Mercurio' sobre o incidente.
"Esta embaixada faz um apelo a todos os setores do Chile para trabalharem juntos e criarem um clima propício que preserve uma relação tão importante e mutuamente benéfica", acrescentou.
Empresa pede que os fatos "não fiquem impunes"
O general Renzo Miccono, chefe da zona da Polícia Militar (Carabineros) em Biobío, disse que a delegacia de Santa Bárbara foi alertada por volta das 02h30 de ontem. Ao chegar ao local, entrevistaram quatro seguranças, dois dos quais teriam sofrido ferimentos leves. "Eles relataram que indivíduos desconhecidos, portando armas de fogo, os ameaçaram e incendiaram a maquinaria", afirmou Miccono.
A Rucalhue Energía SpA, em declaração pública, acusou um "ataque terrorista", pediu que tais atos "não fiquem impunes" e afirmou que "esse tipo de incidente não só representa um atentado contra a infraestrutura, mas também contra os trabalhadores, as comunidades vizinhas e o Estado de Direito". Acrescentou que "os danos materiais são significativos e está sendo realizada uma avaliação completa das perdas. Apresentaremos as queixas respectivas e colaboraremos ativamente com as autoridades policiais e judiciais para esclarecer os fatos, identificar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança".
Ontem, a empresa ainda não tinha uma estimativa das perdas nem clareza sobre os seguros, mas indicou que, em média, cada cam...
Queixa do Executivo
Através do X, o presidente Gabriel Boric condenou o ataque e afirmou que "como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis, que deverão responder perante a justiça". "Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar toda forma de violência", declarou.
O Governo anunciou, pela primeira vez de forma explícita, que aplicará a reformada Lei Antiterrorista promulgada em 4 de fevereiro passado, que cria o crime de associação terrorista, pune casos individuais, estabelece o crime de favorecimento à associação terrorista e inclui técnicas especiais de investigação.
O ministro da Segurança Pública, Luis Cordero, esclareceu que a lei também será aplicada ao ataque de 7 de abril passado em Contulmo, província de Arauco, onde cabanas e um depósito foram incendiados. Lá, além disso, foi encontrado um banner do grupo Resistência Mapuche Lafkenche.
"O Executivo apresentará queixa com base na Lei Antiterrorista, considerando que são organizações terroristas que devem ser tratadas como tal", disse em entrevista ao programa Mesa Central da 13.
Fonte:El Mercurio