Grupos Angelini e Matte investirão US$ 3 bilhões este ano no setor florestal, com forte foco no Brasil
Apesar da incerteza global devido à guerra comercial, os principais grupos florestais chilenos continuarão investindo na expansão de seus negócios. As famílias Angelini e Matte desembolsarão pouco mais de US$ 3 bilhões este ano na indústria florestal, por meio de suas empresas Arauco e Empresas CMPC, respectivamente.
Pelo menos metade desses recursos será destinada ao Brasil, onde estão impulsionando projetos milionários para aumentar sua produção de celulose. Nesse país, além de massa florestal, as empresas encontraram segurança e apoio das autoridades para desenvolver seus planos de forma mais ágil, ao contrário do Chile, como reconheceram.
A Papelera
A Empresas CMPC está presente em 12 países com instalações industriais, comerciais ou de inovação. Um deles é o Brasil, onde chegou em 2009 e já investiu mais de US$ 6 bilhões. Lá, produz celulose na planta de Guaíba, a de maior capacidade que possui, e também atua nos negócios de tissue e biopackaging.
No final de abril de 2024, a empresa anunciou o início da avaliação de um plano de mais de US$ 4,5 bilhões para expandir a produção de celulose no Rio Grande do Sul, Brasil. Trata-se do projeto Natureza, que, embora ainda não tenha recebido o aval do conselho da empresa, "está em pleno avanço, em sua engenharia, na obtenção de licenças e em ampliar a área para plantar a base florestal do projeto", afirmou o presidente da Papelera, Bernardo Larraín Matte, na última quinta-feira ao assumir o novo cargo.
Na ocasião, a CMPC anunciou que investirá cerca de US$ 700 milhões este ano, dos quais US$ 220 milhões são para o segmento industrial de celulose, outros US$ 280 milhões em plantações e aumento de disponibilidade no Brasil — incluindo o Natureza —, US$ 65 milhões para packaging e US$ 120 milhões para a Softys.
Geograficamente, os investimentos para 2025 se distribuirão em 50% para o Brasil, 40% a 45% no Chile e 5% em outros mercados.
A empresa dos Matte possui um patrimônio florestal de 1,34 milhão de hectares próprios e em convênios. Desses, 509.078 ha estão no Brasil, segundo o Relatório Anual 2024 da empresa.
Outras 741.881 ha estão localizadas no Chile e 94.297 ha na Argentina.
Arauco
A Empresas Copec, do grupo Angelini, informou que investirá US$ 3,014 bilhões este ano, 41,2% a mais que em 2024. Desse total, 79,2% (cerca de US$ 2,387 bilhões) será destinado ao setor florestal, e 19,1% ao setor energético.
A Arauco, subsidiária florestal do grupo, possui instalações produtivas em 11 países, incluindo o Brasil, onde tem quatro fábricas de painéis e uma de resinas.
Uma parte relevante dos recursos será usada para impulsionar a construção do projeto de celulose Sucuriú, no Brasil. Trata-se de um investimento de US$ 4,6 bilhões, o maior da história da empresa, cuja pedra fundamental foi lançada este mês. A planta terá capacidade anual de produção de 3,5 milhões de toneladas de celulose e será construída na cidade de Inocência, no estado de Mato Grosso do Sul.
Apenas para 2025, o projeto Sucuriú tem um investimento de capital comprometido de US$ 1,3 bilhão, e US$ 1,8 bilhão para 2026, segundo uma apresentação recente da Empresas Copec.
Um dos primeiros passos da Arauco no Brasil foi em 2005, quando adquiriu 100% das ações da LD Forest Products S.A., empresa florestal localizada no estado do Paraná, que possuía 43.000 hectares de terras, dos quais 25.800 hectares eram plantações florestais. Desde então, a empresa realizou diversas transações no país, totalizando cerca de US$ 700 milhões.
A Arauco tem um patrimônio florestal de aproximadamente 1,66 milhão de hectares, dos quais 1,45 milhão de ha são próprios e o restante arrendado, distribuídos no Chile, Uruguai, Brasil e Argentina, conforme o último relatório da empresa.
No Brasil, possui apenas 61.428 hectares próprios, enquanto no Chile controla pouco mais de um milhão de ha. No entanto, no mercado brasileiro, arrenda 152.024 ha, superando todos os outros países (23.527 ha no Chile).
Fonte:El Mercurio