“Todos gostaríamos que o estado de exceção não existisse, mas é preciso eliminar as causas”
“Todos gostaríamos que o estado de exceção não existisse, mas para isso primeiro é preciso eliminar as causas que levaram à sua implementação, e isso não aconteceu”, afirma Patricio Santibáñez, presidente da Multigremial de La Araucanía, ao comentar as declarações do ex-comandante em chefe da Armada, almirante Juan Andrés de la Maza. O líder sindical enfatiza que a medida “deve continuar até que todos os grupos terroristas sejam desarticulados”.
No domingo, em entrevista ao “El Mercurio”, o almirante De la Maza afirmou que “não podemos estar em um estado de exceção permanentemente”, pois “é um desgaste enorme para a instituição”, e que “para o próximo comandante em chefe, espero que isso termine”.
O gerente da Associação de Contratistas Florestais, René Muñoz, por sua vez, afirma que “não parece recomendável pensar que, a médio prazo, o estado de exceção possa ser suspenso, considerando que os grupos armados continuam ativos e cometendo ataques surpresa”. Em sua opinião, “nas palavras do comandante em chefe da Armada, também vejo desânimo em relação ao que estão fazendo, pois, no final, os grupos continuam agindo, não estão desarticulados, e as Forças Armadas estiveram dedicadas a patrulhar estradas, o que não resolve o problema de fundo, que permanece”.
Além de destacar o trabalho das Forças Armadas na aplicação da medida extraordinária e a redução dos atos de violência, Santibáñez lembra o atentado de abril contra o projeto Rucalhue, “o mais destrutivo em 30 anos”. Essa ação, argumenta, “mostra que os grupos terroristas continuam cometendo ataques, e isso foi especialmente grave porque até o embaixador da China disse ao governo que no Chile não havia segurança para fazer investimentos”.
Por sua vez, o presidente da Associação de Vítimas da Violência Rural, Alejo Apraiz, declara que “embora seja verdade que as Forças Armadas estão aqui para proteger nossas fronteiras e nos livrar de ameaças externas, elas também têm essa missão interna, por mandato constitucional”. Além disso, ele exige do atual e do futuro governo “que desarticulem as organizações terroristas, porque só assim não será mais necessário aplicar essa medida”, mas ressalta que “ela deverá ser mantida até que tenhamos certeza de que esses grupos deixaram de operar”.
Tohá: “No limite da deliberação”
Em um debate de primárias, ontem, a ex-ministra do Interior e candidata do SD, Carolina Tohá, disse ter uma “grande opinião” do almirante, mas questionou suas palavras: “Ele está no limite da deliberação, e é preciso chamá-lo à ordem, porque não cabe às Forças Armadas dizer quando sim e quando não estado de emergência”.
A ministra porta-voz do governo (s), Aisén Etcheverry, afirmou que as Forças Armadas “conhecem perfeitamente bem qual é o papel da não deliberação, e assim tem sido durante este governo”. Disse que o estado de exceção “é uma ferramenta que será utilizada na medida do necessário e pelo tempo que for necessário” e destacou que “avaliações são feitas permanentemente e submetidas à aprovação do Congresso, como acontecerá esta semana”.
Fonte:El Mercurio