Novo projeto busca combater doenças fúngicas da aveleira europeia na zona centro-sul do Chile
Um novo impulso à sanidade e produtividade da aveleira europeia no Chile será dado com a recente aprovação do projeto “Plataforma de alerta e manejo oportuno de doenças fúngicas da aveleira europeia para produtores(as) de Maule e Ñuble”. Esta iniciativa, apoiada pela Fundação para a Inovação Agrária (FIA), será liderada pela pesquisadora Daina Grinbergs, do Laboratório de Fitopatologia de Fruteiras do INIA Quilamapu, e se estenderá por três anos com uma equipe multidisciplinar.
O projeto busca responder a uma das principais preocupações do setor produtivo: o controle de doenças que afetam a madeira da aveleira europeia, cultivo que teve um crescimento explosivo nos últimos anos e já supera as 49 mil hectares, concentradas principalmente nas regiões de Maule, Ñuble e La Araucanía.
Continuidade de uma pesquisa-chave
Segundo explicou Grinbergs, esta nova plataforma é a continuação direta do projeto recentemente finalizado “Manejo de doenças da madeira em aveleira europeia para a macrorregião centro-sul”, que permitiu realizar um estudo sistemático do impacto de patógenos fúngicos nesta frutífera. Na pesquisa, foram analisadas 330 amostras sintomáticas, onde o fungo Chondrostereum purpureum se mostrou o mais prevalente e agressivo, presente em 20% dos casos.
A equipe também avançou na compreensão do comportamento reprodutivo desses fungos, quantificando esporos e correlacionando sua liberação com variáveis climáticas. Horas de chuva superiores a 1 mm foram identificadas como o principal gatilho para a disseminação de esporos.
Alternativas de manejo e produtos promissores
Um dos focos do projeto foi avaliar diferentes produtos de controle, tanto químicos quanto biológicos e biorracionais, em laboratório e em campo. Embora os ensaios continuem, os primeiros resultados são animadores: certos ingredientes ativos já mostram eficácia em reduzir sintomas como descoloração da madeira e morte de brotos, além de fortalecer as respostas imunológicas da planta por meio de extratos vegetais e de algas.
Esses avanços foram compartilhados em um seminário de encerramento que reuniu mais de 100 participantes, entre produtores, assessores técnicos e acadêmicos. Também participaram pesquisadores como Javier Chilian, Ricardo Ceballos e os assessores Pablo Grau e Marcos Gerding, que concordaram sobre a importância de compartilhar conhecimento local e aplicável à realidade chilena.
Visão do setor: urgência e colaboração
Para Blanca Messina, assessora especialista em aveleira europeia, a importância de continuar esse tipo de pesquisa é fundamental: “Esta é uma espécie de desenvolvimento recente no Chile, com problemas próprios que nem sempre são vistos em outros países produtores. Por isso, devemos manter um processo constante de geração de conhecimento”, comentou.
Na mesma linha, Jean Paul Joublan, assessor em fruticultura, destacou que “os fungos da madeira são o maior desafio sanitário atual na fruticultura” e valorizou a geração de conhecimento local como ferramenta estratégica. Em sua opinião, a colaboração público-privada tem se mostrado mais eficiente que modelos estrangeiros: “Nos posiciona como líderes potenciais no cultivo da aveleira europeia, como já fizemos com a cerejeira”.
Finalmente, Jaime Ramírez, representante da FIA em Ñuble e Biobío, destacou o valor estratégico desses encontros: “Esse tipo de seminário fortalece a tomada de decisões técnicas e tem um impacto direto na cadeia agroalimentar. Como FIA, continuaremos apoiando projetos inovadores que respondam às necessidades do setor frutícola”, concluiu.
Com este novo projeto em andamento, espera-se consolidar ferramentas que permitam aos produtores enfrentar os desafios sanitários do cultivo, melhorar os rendimentos e fortalecer a competitividade da aveleira europeia chilena no mercado internacional.