Sponsors

Banner Ponse H
Especialistas destacam demanda por colaboração e cuidado com a natureza na gestão florestal, além da mudança institucional

Especialistas destacam demanda por colaboração e cuidado com a natureza na gestão florestal, além da mudança institucional

Sponsors

Salfa John deere

Os desafios representados pela recente publicação da lei que cria o novo Serviço Nacional Florestal (Sernafor), entidade pública que substituirá a corporação de direito privado Corporação Nacional Florestal (Conaf), foram um dos temas debatidos no recente seminário “Políticas para o Desenvolvimento Florestal Sustentável”, organizado pela organização de certificação florestal sustentável PEFC Chile para iniciar um ciclo de diálogos sobre a política florestal chilena. Além disso, no evento, enfatizou-se a necessidade de avançar rumo a um modelo sustentável que integre a conservação da biodiversidade, o manejo ativo do capital natural e uma nova abordagem de governança.

O seminário, realizado na Faculdade de Ciências Florestais e Conservação da Natureza (FCFCN) da Universidade do Chile, reuniu atores-chave do setor para refletir sobre o presente e o futuro da atividade florestal, em um contexto de crise climática e transição institucional.

A atividade começou com as palavras de boas-vindas do Decano da FCFCN, Horacio Bown, que valorizou o momento de reflexão, classificando-o como “tremendamente relevante para nosso trabalho”. “Existe um debate na sociedade sobre os cultivos, sobre as plantações florestais, em que medida deveriam mudar ou se manter (...), e como incorporamos as variáveis ambientais, de biodiversidade e sociais em tudo isso”, comentou o acadêmico.

Posteriormente, o presidente da PEFC Chile, Hans Grosse, destacou que “dentro da aliança global de certificação florestal sustentável PEFC, o Chile é o primeiro país a incorporar requisitos de Desmatamento Zero com tecnologia de geolocalização em seu padrão nacional de gestão florestal sustentável, o que representa um avanço fundamental. Mas, além da certificação, hoje queremos abrir espaços de diálogo para construir uma visão compartilhada da floresta como bem comum”.

Grosse lembrou que a PEFC – que significa Programa para o Reconhecimento da Certificação Florestal – é uma organização internacional sem fins lucrativos, criada há 26 anos, e que atualmente está presente em 48 países, “com mais de 285 milhões de hectares certificados, ou seja, quatro vezes a área total do Chile”.

Participaram do encontro Julio Torres, secretário-executivo do Colégio de Engenheiros Florestais (CIFAG); Bárbara Saavedra, diretora da organização conservacionista WCS Chile; e Fernando Raga, ex-presidente da CORMA e ex-diretor-executivo do INFOR. Após suas apresentações, os três especialistas protagonizaram um painel de discussão moderado pelo ex-ministro do Meio Ambiente e cofundador do País Circular, Pablo Badenier.

Expectativas

O primeiro a se apresentar foi Julio Torres, secretário-executivo do CIFAG, que abordou, sob a perspectiva sindical, a criação do Sernafor, cuja lei foi publicada em 23 de maio deste ano (Lei 21.744). Torres lembrou que a discussão legislativa “não foi fácil, foi marcada por contingências, incluindo a discussão paralela do Serviço de Biodiversidade (SBAP)”, e comentou que, embora essa tramitação tenha levado oito anos, a discussão sobre um serviço desse tipo já durava mais de quatro décadas.

Apesar de valorizar esse marco, o representante do CIFAG acrescentou que “os desafios do setor não necessariamente vão mudar. É uma mudança administrativa, de privado para público, mas isso não implica, por si só, uma vantagem. É um passo importante, sim, mas são necessárias mudanças mais profundas na gestão, especialmente no que diz respeito à colaboração com o setor privado”.

Nesse sentido, ele afirmou que muitas expectativas foram criadas em relação à transição da Conaf para o Sernafor, por exemplo, nesse tipo de cooperação: “A colaboração público-privada ocorre de forma muito natural no combate a incêndios florestais, mas em outros aspectos está ausente. Os usuários externos regulados pela Conaf relatam falta de colaboração público-privada. Isso resulta em uma abordagem persecutória, e não facilitadora, do ponto de vista da Conaf”.

Natureza positiva

Em sua apresentação, Bárbara Saavedra, diretora da WCS Chile, destacou a urgência de agir diante da deterioração do capital natural chileno: “Temos uma biodiversidade única no mundo, e mais de 60% de nossas espécies nativas estão ameaçadas. A sustentabilidade não pode ser entendida apenas como uma meta produtiva: é um processo que deve colocar no centro a vida que sustenta todo o resto”.

Além disso, ela fez um chamado para adotar uma visão transformadora, alinhada com os compromissos internacionais de conservação.

“A sustentabilidade não é um destino, é um processo. Precisamos avançar rumo a uma estratégia de natureza positiva, que nos permita deter e reverter a perda de biodiversidade até 2030. Essa é a meta já definida pela Convenção da Diversidade Biológica: uma estratégia integral, coerente, compatível com a neutralidade de carbono, o crescimento inclusivo e o bem-estar social”.

A conservacionista comentou que, recentemente, fora do mundo científico, está se reconhecendo algo que a ciência já demonstrou há muito tempo: a humanidade precisa deixar de estar “como em uma guerra com a natureza”, e o desafio do século XXI é mudar isso. “Dentre os últimos grandes compromissos globais derivados desse entendimento está essa visão de natureza positiva, onde trabalhamos juntos para deter e reverter a perda da natureza, mudar essa trajetória de degradação nos próximos anos e, a partir de 2030, ter natureza recuperada e ecossistemas prósperos e saudáveis em todos os territórios e mares do mundo”, disse Saavedra.

Madeira sustentável

Sob a perspectiva produtiva, Fernando Raga, ex-presidente do sindicato Corporação da Madeira (CORMA) e ex-diretor-executivo do Instituto Florestal (INFOR, do Minagri), afirmou que as plantações florestais são uma solução-chave para mitigar as mudanças climáticas e reduzir a pressão sobre as florestas nativas.

“Cada metro cúbico de madeira captura uma tonelada de CO₂ e evita outra tonelada adicional de emissões. Devemos adotar a visão da madeira como parte da solução, não como o problema”, comentou Fernando Raga, que foi alto executivo da Forestal Mininco (da CMPC) por mais de 25 anos e atualmente integra o Conselho Superior da PEFC Chile.

“Vocês podem dizer ‘sim, a madeira é ótima para uma casinha na praia’, mas precisamos densificar as cidades... Bem, mostro a vocês (foto) o arranha-céu de madeira Ascent (em Milwaukee, EUA), que hoje é o mais alto do mundo construído em madeira. Vejam, é possível chegar a estruturas – neste caso – de 25 andares”.

Raga também destacou a necessidade de dar maior protagonismo à atividade florestal: “O setor está sem liderança há anos. Os ministérios não se envolvem, não se interessam. Espero que, a partir do Ministério do Meio Ambiente, consigamos ampliar a visão sobre o que é realmente a sustentabilidade, que tem três eixos, não apenas conservação, mas também necessidades sociais e econômicas”.

“Precisamos de mais análises de custo-benefício ambiental e de uma liderança mais aberta a integrar o tema florestal na política nacional”, concluiu.

Um debate necessário

Os três especialistas concordaram sobre a necessidade de ampliar o debate florestal no Chile, situando-o não apenas como um tema técnico, econômico ou ambiental, mas como uma questão estrutural do desenvolvimento sustentável.

“Sempre defendemos, desde o CIFAG, que o debate sobre políticas públicas é parte do trabalho da PEFC, além da certificação, e hoje estamos abrindo espaço para esse caminho de diálogo”, afirmou Julio Torres.

“Valorizo profundamente que isso seja feito em espaços de conhecimento, onde possamos pensar diferente para agir diferente”, comentou Saavedra.

“Acho muito necessário. O setor florestal tem sido bastante negligenciado em termos de debate, de apresentar ideias e discutir soluções. Este é um espaço que, sem dúvida, enriquece o diálogo”, disse Raga.

Ao final do seminário, foi informado que o próximo encontro deste ciclo organizado pela PEFC Chile, destinado a continuar o diálogo sobre o caminho para o desenvolvimento florestal sustentável do país, ocorrerá em 19 de agosto, em Concepción.

Fonte:País Circular

Sponsors

komatsu Shovel Logger Banner 1
Publicação anteriorNational Forest Inventory Celebrates 25 Years Preserving Chile's Forests
Próxima publicaçãoFrom the Araucaria to the Canelillo: The 7 Flora Species Declared Natural Monuments in Chile
Comentarios (0)
Ainda não há comentários.
Deixe um comentário
captcha