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Fomento florestal

Fomento florestal

O setor florestal, que representa 21% do PIB regional e mais de 60% das nossas exportações, enfrenta uma crise que ameaça não apenas as grandes empresas, mas também milhares de famílias que dependem direta ou indiretamente dessa atividade. A vigésima edição do Trawü Florestal, realizada na semana passada no viveiro central da Agromen, em Portezuelo, foi muito mais que um dia de reflexão; foi um chamado urgente para agir com responsabilidade, visão territorial e compromisso político.

Os números são preocupantes. Na última década, o setor florestal perdeu 48 mil empregos no país. O investimento caiu drasticamente – de um crescimento de 9% nos anos 2000 para um modesto 0,6% ao ano – e a produtividade permanece estagnada há vinte anos. Segundo o Banco Central, o crescimento tendencial projetado para o período 2024-2035 será de apenas 1,8%. Em outras palavras, se nada for feito hoje, o declínio será irreversível.

Ñuble não é um observador passivo dessa realidade. A região é uma das mais afetadas pelo desemprego no Chile, especialmente em comunas rurais onde as PMEs madeireiras desempenham um papel essencial na economia local. Hoje, muitas delas veem na escassez de matéria-prima uma ameaça direta à sua sobrevivência. Essas "luzes e sombras" da atividade florestal – como propôs acertadamente o lema do Trawü – são reais e exigem uma análise distante do preto e branco ideológico que tantas vezes paralisou as decisões.

Parte do problema está na ausência de um marco legal atualizado. O Decreto Lei 701, que vigorou desde 1974 e foi prorrogado até 2018, permitiu aumentar a área plantada, mas também gerou efeitos nocivos ao meio ambiente e aprofundou a concentração de benefícios em grandes grupos econômicos: duas empresas – CMPC e Arauco – captaram 23% dos US$ 875 milhões que o Estado destinou a esse programa. Esse modelo, que favoreceu a expansão de monocultivos sem considerar impactos ecossistêmicos, deixou feridas difíceis de fechar. Mas também seria um erro descartar completamente a política de fomento florestal por seu passado, quando o que urge é reformulá-la com uma visão de futuro.

O presidente da Corma, Rodrigo O’Ryan, disse sem eufemismos: o setor perdeu legitimidade social. Não basta pedir compreensão: é hora de mudar práticas, reconhecer erros e apostar em uma silvicultura moderna, sustentável e equitativa. Na mesma linha, o ministro da Agricultura, Esteban Valenzuela, anunciou que a futura lei de fomento florestal incorporará critérios ecossistêmicos, priorizará a vegetação endógena e focará os benefícios em pequenos e médios produtores. O compromisso é valioso, mas precisa se traduzir em ações: o projeto ainda não foi apresentado no Congresso, e os sinais políticos têm sido ambíguos.

O setor florestal não precisa de panfletos nem de demonização; tampouco requer privilégios sem controle. O que urge é uma política pública sólida, com base técnica, construída a partir do território e capaz de equilibrar produção e conservação. Trata-se de impulsionar o florestamento responsável como ferramenta para combater as mudanças climáticas, mas também como motor do desenvolvimento rural e fonte de empregos.

Fonte:La Discusión

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