Estudo de arborização urbana: apenas 3 comunas da Grande Concepção cumprem índice recomendado pela OMS
O crescimento urbano e as mudanças climáticas tornam necessário que as cidades tenham uma grande quantidade de árvores para reduzir a temperatura, favorecer a saúde da comunidade, especialmente dos idosos, que, diante de ondas de calor, podem sofrer problemas cardiovasculares e estresse térmico. Além disso, as árvores contribuem para melhorar a biodiversidade e absorver poluentes.
Assim explicou a secretária regional de Habitação e Urbanismo, Claudia Toledo, daí a importância de um estudo de arborização urbana da Grande Concepção realizado pela pasta, que, segundo ela, revelou que, em geral, a região está muito abaixo do padrão recomendado pela OMS de 1 árvore para cada 3 pessoas.
A medição realizada com drones, conforme detalhou, mostrou que Hualqui está na liderança, com 76% de arborização, 1 árvore para cada 1,43 habitantes; seguida por San Pedro de la Paz com 21%, 1 árvore para cada 1,48 vizinhos e Santa Juana com 20%, 1 árvore para cada 5,1 pessoas.
Mais abaixo, disse, estão Chiguayante e Lota, com os mesmos indicadores de 16% e 1 árvore para cada 6,3 habitantes; Penco, com 13% e 1 para cada 7,6 residentes; Tomé marca 11%, com 1 para cada 8,9 vizinhos e Concepção marca 9%, 1 árvore para cada 7,6 pessoas.
As comunas com menos árvores na área urbana, destacou a secretária, são Hualpén com 7%, 1 para cada 14,7 pessoas; Coronel com 5%, tem uma árvore a cada 20,5 habitantes e Talcahuano com 4%, 1 para cada 22,4 pessoas. "Estas estão entre as de menor cobertura e colocam em risco a qualidade de vida urbana", afirmou.
Melhores índices
O prefeito de Hualqui, Ricardo Fuentes, comuna que lidera em arborização urbana, disse que sua cidade é verde, pensando na comunidade e no turismo. Indicou que em 2008 começaram a arborizar, solicitando à Corma a entrega de árvores nativas para a área urbana, a fim de reduzir as altas temperaturas e proporcionar maior bem-estar à população. "Me surpreende porque o percentual do estudo que recebemos é altíssimo (...) Hoje estamos trabalhando com o Ministério do Meio Ambiente para reflorestar La Rinconada, que está na zona urbana, assim como as praças e pequenos parques".
Afirmou que também estão plantando árvores nas calçadas, onde circulam idosos ou pessoas com deficiência, e que planejam continuar esse trabalho em toda a cidade.
Desde a Direção de Limpeza e Embelezamento de San Pedro de La Paz, indicaram que ter uma das melhores taxas de cobertura arbórea da Grande Concepção reflete o trabalho sustentado que desenvolveram para integrar áreas verdes e arborização no planejamento urbano, com uma visão ambiental e social, pois não é apenas um elemento paisagístico, mas também uma contribuição para melhorar a qualidade do ar, reduzir a temperatura, absorver águas pluviais, gerar sombra e fortalecer a biodiversidade, melhorando a saúde dos vizinhos em zonas densamente habitadas.
Acrescentaram que, na atual administração, estão executando uma estratégia integral de arborização que prioriza espécies nativas, a participação da comunidade e a recuperação de espaços públicos. Sua meta é alcançar 5.000 novas árvores plantadas antes do término do atual mandato, com foco em setores com menor cobertura verde e alto tráfego de pedestres.
Enquanto isso, Johana Riffo, responsável pelo Meio Ambiente de Santa Juana, terceira no ranking de arborização, afirmou que contam com cerca de 10 árvores por quadra. "Nesta temporada, já repusemos 40 espécies nativas e mais de 40 espécies arbustivas, que resistem a altas temperaturas, requerem menos irrigação (...) perdem menos folhas, são reguladores da temperatura gerada pelo asfalto".
Assegurou que na rua Millaray, no último trecho da Rota da Madeira, que é zona urbana, foi feito um cercado porque as árvores reduzem a poluição sonora e melhoram a saúde mental das pessoas que vivem ali.
O que falta impulsionar
Desde a prefeitura de Hualpén, afirmaram que estão realizando esforços em zonas urbanas para transformar áreas de terra e microdepósitos de lixo em áreas verdes de qualidade, como ocorreu nas ruas Gibraltar, Mônaco, Holanda, Rucalhue, Parque Central, René Schneider, População Espanha, áreas onde estão aumentando a quantidade de árvores existentes na comuna.
Indicaram que estão trabalhando na rápida execução dos parques Patria Vieja, Escócia, Cerro Amarillo e Finlândia, além do desenho de outros espaços que melhorem a qualidade de vida dos vizinhos.
Enquanto isso, Boris Chamorro, prefeito de Coronel, destacou que, em virtude do informe entregue pelo Minvu, há preocupação, pois não estão em uma boa posição.
Apesar disso, indicou que na cidade realizaram um importante esforço em matéria ambiental, aumentando de 2,6 metros quadrados de áreas verdes por habitante em 2015 para 7,2 nos 8 anos que está à frente da comuna. Reforçou que conseguiram criar parques urbanos, o que permitiu recuperar espaços públicos e conservar áreas verdes para as famílias.
Enquanto isso, Enrique Inostroza, administrador municipal de Talcahuano, afirmou que o cadastro da Direção de Limpeza e Embelezamento não coincide com o do Minvu, pois na comuna existem 14.485 árvores, o que resulta em uma árvore para cada 10,1 habitantes (147.322 habitantes, Censo 2024).
Mesmo assim, valorizou o estudo do Minvu, pois reconhecem como município "a importância da arborização urbana não apenas por sua contribuição estética, mas também pelos múltiplos benefícios que oferece ao meio ambiente e à qualidade de vida de nossos vizinhos".
Detalhou que Talcahuano conta com 1.409.184 metros quadrados de áreas verdes, que estão cientes de que há um déficit, especialmente em setores densamente urbanizados, por isso assumiram o compromisso de continuar aumentando a cobertura vegetal na comuna. A meta, afirmou, é avançar em um planejamento urbano mais sustentável, que inclui a manutenção da arborização existente e o plantio progressivo de espécies adaptadas ao entorno local, em coordenação com a comunidade e entidades especializadas.
As metas
"Não falamos apenas de plantar árvores; falamos de equidade ambiental e justiça territorial, de reduzir hospitalizações por ondas de calor e dar dignidade a quem hoje vive em bairros de concreto (...) que tenham direito a sombra, ar limpo e espaços de encontro. Cada bairro deve ser um refúgio climático e social, um Chile mais verde e saudável para todos", afirmou a secretária.
Enquanto isso, Christian Velásquez, chefe de Projetos Urbanos do Minvu, afirmou que para cumprir essa meta estão aplicando modelos de déficit baseados em mapas de calor, cobertura vegetal e densidade populacional, priorizando setores com maior vulnerabilidade térmica.
"As intervenções contemplam espécies nativas ou adaptadas, com copa densa e raízes não invasivas, que proporcionem sombra efetiva e protejam as redes subterrâneas. Em termos de desempenho climático, estudos demonstram reduções de 2 a 8 graus Celsius na temperatura superficial quando a arborização é disposta estrategicamente, enquanto cada árvore pode capturar até 150 quilos de poluentes por ano, melhorando significativamente a qualidade do ar urbano. Nosso padrão é que todas as comunas alcancem, no mínimo, 9 metros quadrados de áreas verdes por habitante e uma árvore a cada três pessoas, integrando corredores ecológicos que funcionem como infraestrutura de mitigação hídrica e resiliência climática. Cada projeto passará por critérios de funcionalidade, equidade territorial e planos de manutenção para garantir serviços ecossistêmicos mensuráveis durante todo seu ciclo de vida".
Franco Cuevas, geógrafo de projetos urbanos do Minvu, disse que estão impulsionando uma transformação estrutural na forma como as cidades são concebidas, para que todas as políticas públicas integrem o valor da arborização e da infraestrutura verde. "Para isso, já iniciamos um processo para atualizar as normas de desenho urbano, incluir medições de qualidade verde na avaliação de projetos tanto do Minvu quanto dos governos locais, e fortalecer as capacidades técnicas dos municípios para gerenciar ecossistemas urbanos".
Comentou que estão trabalhando para incorporar indicadores de saúde e mudança climática nas avaliações de impacto urbano.
"Um passo concreto nessa direção é a criação do gêmeo digital da arborização urbana, ferramenta tecnológica que modelará em tempo real o comportamento da cobertura vegetal nas cidades. Esperamos ter esse sistema operacional até o final do ano, integrando dados ambientais, urbanos e sociais para apoiar decisões mais precisas e sustentáveis no desenho e gestão do espaço público.
Não se trata apenas de plantar árvores, mas de mudar a forma como projetamos a cidade desde todos os órgãos públicos, com uma visão transversal e sustentável que já começou, embora sem um calendário fechado."
Fonte:Diário Concepción