"Precisamos desafiar o conceito de extrativismo a partir de nossas indústrias de recursos naturais"
“Embora a CMPC seja uma empresa com escritórios em Santiago, que opera em nove países e possui grandes projetos fora do Chile, também queremos ser uma empresa profundamente regional. Por isso também temos nossos escritórios corporativos aqui, assim como muitas de nossas operações”. Com essas palavras, o presidente da Empresas CMPC, Bernardo Larraín Matte, iniciou ontem sua apresentação no Encontro Regional de Empresas (Erede) Los Ángeles, em sua primeira intervenção pública na região desde que assumiu a presidência da empresa em abril.
Na ocasião, ele abordou alguns dos principais desafios do setor florestal chileno.
CADEIA DE VALOR DA INDÚSTRIA FLORESTAL
“Temos uma indústria pioneira, de classe mundial, não apenas representada pelas duas grandes empresas que vocês conhecem: CMPC e Arauco, que —é claro— fazem parte desse ecossistema da indústria florestal e estão impulsionando os principais projetos de investimento de empresas chilenas no exterior”, refletiu Larraín Matte.
No entanto, ele lembrou que "também há 26 mil proprietários de terrenos florestais —a grande maioria com áreas menores que 200 hectares— e 1.125 serrarias, cerca de 800 ativas, a maioria das quais produz menos de 5 mil metros cúbicos por ano”, continuou.
O executivo também destacou que há 256 empresas exportadoras de produtos madeireiros e que a indústria florestal gera 300 mil empregos diretos e indiretos em nível nacional. Na região de Biobío, o número chega a 30 mil empregos diretos.
“É um ecossistema empresarial que possui capacidades que não estão destinadas apenas —como alguns insistem em dizer— a cortar e exportar. Dizem isso como se não houvesse inovação e valor agregado. Por isso, o primeiro passo é desafiar o conceito de extrativismo de nossas indústrias de recursos naturais”, foi seu apelo durante o encontro.
Essa concepção, em sua opinião, é "absolutamente equivocada”, pois para refutá-la bastaria "visitar nossos centros de pesquisa e desenvolvimento, centros altamente tecnológicos de controle de incêndios e monitoramento da frota de transporte; assim como conhecer o equipamento e a tecnologia presentes nas fábricas de celulose, papel ou serrarias”.
SUSTENTABILIDADE E OPORTUNIDADES PARA O SETOR
Sobre os desafios de sustentabilidade que persistem globalmente, Bernardo Larraín Matte destacou que "o mundo demanda produtos gerados a partir da fibra natural das florestas e da celulose. E esses produtos hoje fazem parte de nossa matriz produtiva e exportações, sendo protagonistas desses desafios globais”.
O representante também enfatizou as inovações que estão permitindo desenvolver novos produtos em diversas áreas, como biomateriais, biocombustíveis, garrafas biodegradáveis e até turbinas eólicas.
Quanto à forma de aproveitar as oportunidades do setor, o presidente da Empresas CMPC usou a analogia de uma “mesa de quatro pernas”.
A primeira, continuou, "são as riquezas naturais que o Chile tem e, em especial, esta região. Hoje, estima-se que há dois milhões de hectares em processo de erosão, sem uso alternativo e sem florestamento”.
Em segundo e terceiro lugar, ele lembrou que existem "capacidades empresariais" e uma demanda global por produtos nacionais. "E o que falta? Basicamente, a capacidade institucional e regulatória que o Estado deve fornecer para impulsionar o crescimento de nossa economia”, argumentou.
O executivo ressaltou que o enfraquecimento da institucionalidade chilena tem efeitos negativos, refletidos em indicadores como o baixo nível de florestamento, o desemprego regional de 9,1%, a informalidade laboral de 25% e uma visão majoritariamente negativa da situação econômica.
Bernardo Larraín defendeu a reativação do setor florestal por meio de plantações, para recuperar a disponibilidade de madeira e reativar as serrarias que tiveram que fechar devido à falta de matéria-prima.
“Devemos começar em casa e falar mais sobre nossa indústria, reafirmar a importância dos recursos naturais para a economia chilena, assim como as capacidades empresariais que temos. E esse é um desafio pendente: enfrentar os mitos que foram criados”, concluiu.
Fonte:La Tribuna