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“Estamos mudando a história”: O impacto da Rede de Prevenção Comunitária no combate aos incêndios florestais

“Estamos mudando a história”: O impacto da Rede de Prevenção Comunitária no combate aos incêndios florestais


Desde que os mega incêndios de 2017 devastaram localidades inteiras na região centro-sul do Chile — deixando Santa Olga como símbolo do desastre — surgiu uma necessidade urgente: evitar que uma tragédia dessa magnitude se repetisse. Dessa catástrofe nasceu a Rede de Prevenção Comunitária, uma iniciativa que hoje, oito anos depois, consolidou-se como um modelo eficaz de prevenção de incêndios florestais, e cuja força está no compromisso voluntário de milhares de vizinhos.

Myriam Mellado, coordenadora de Vinculação e Comunicação da Rede, lembra bem esse ponto de partida. “Foi um antes e um depois. O Estado, os municípios e, principalmente, as comunidades entenderam que a prevenção não podia ficar apenas nas mãos das instituições. Era preciso empoderar as pessoas e capacitá-las para que pudessem identificar os riscos em seus próprios territórios. Assim nasce a Rede”, explica.

Desde então, a Rede tem crescido de forma sustentável. Em 2017, começou com 280 comunidades e hoje — temporada 2024-2025 — alcança 494 comitês ativos, com projeções de superar 530 ainda este ano. Mais de 6.000 vizinhos participam diretamente em 8 regiões do país, de Valparaíso a Los Lagos, organizados em comitês que abrangem zonas de interface urbano-rural, onde o risco de incêndios é maior. Só no Biobío concentra-se cerca de 50% do trabalho da rede, com 245 comitês ativos.

O impacto é contundente. Enquanto no Chile os incêndios florestais aumentaram 5% nesta temporada, as comunidades da Rede conseguiram reduzir a ocorrência em seus territórios em 17%. “Isso não é coincidência. É o resultado de um trabalho contínuo, de vizinhos que identificam riscos, limpam seus setores, negociam com empresas elétricas, constroem corta-fogos, realizam capacitações e patrulhas. Tudo isso, de forma voluntária e com uma metodologia clara”, diz Mellado.

Um dos pilares desse modelo é a figura do gestor territorial: uma pessoa dedicada a acompanhar os comitês no campo, facilitando capacitações, entregando materiais, conectando os vizinhos com instituições públicas e privadas. “Sem o gestor, muitos desses processos não se concretizariam. Não basta capacitar. É preciso acompanhar a implementação desse conhecimento”, afirma.

A Rede foi possível graças a um compromisso inédito do setor privado. Empresas como Arauco, CMPC, Forestal Vista Hermosa, Comaco e, recentemente, SSP LATAM financiam o funcionamento da Rede, incluindo gestores, veículos, materiais e suporte técnico. “Essas empresas entenderam que não basta cuidar de seu patrimônio florestal. Elas também são vizinhas do território. E seu compromisso tem sido fundamental para que isso funcione”, destaca Mellado.

Além disso, ela enfatiza que a Rede não atende a interesses empresariais: “Muitos vizinhos pensavam, no início, que estávamos aqui apenas para proteger as florestas das empresas. Mas, com o tempo, viram que esse trabalho é para todos: é para cuidar de nossas casas, nossas famílias, nossas comunidades. E isso gerou confiança”.

A formação dos comitês é aberta e voluntária. “Quando chegamos a um território, explicamos a metodologia e convocamos os vizinhos. Forma-se um comitê com quem quiser participar: associações de bairro, clubes esportivos, grupos locais. E eles mesmos definem sua área de atuação, que pode variar de 250 hectares a mais de 15 mil, como ocorre em alguns setores de Valdivia”, explica.

No total, a Rede cobre atualmente entre 500 mil e 600 mil hectares com ações diretas de prevenção comunitária. E a projeção é continuar crescendo. “Queremos somar mais empresas, mais municípios, mais atores sociais. Inclusive o Estado. Precisamos que isso se torne política pública. Porque está comprovado: a prevenção funciona”, ressalta.

A entrevista completa no canal do Youtube da Acoforag:


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