Plantação comunitária reforça a conservação de Nothofagus e o legado intergeracional
A Universidade de Concepción realizou uma jornada de plantação comunitária na área de conservação ex situ do Campus Natureza UdeC, iniciativa que reuniu pessoas aposentadas da instituição e estudantes de estabelecimentos da região.
O marco, focado no legado e na educação ambiental, incluiu a incorporação de exemplares de ruil (Nothofagus alessandrii), hualo (Nothofagus glauca) e carvalho-de-Santiago (Nothofagus macrocarpa), espécies nativas de alto valor ecológico e com diferentes níveis de ameaça.
Legado vivo e comunidade UdeC
Na primeira parte da jornada, a atividade reuniu aposentados e aposentadas da UdeC, reforçando o vínculo com a Casa de Estudos e projetando um símbolo de pertencimento no território.
“Hoje realizamos uma atividade de profundo valor simbólico para a Universidade de Concepción. Cada pessoa que encerra sua trajetória em nossa instituição plantou um exemplar de Nothofagus ameaçado —ruil, carvalho-de-Santiago ou hualo— deixando assim um legado vivo nestes terrenos. Estas árvores farão parte do jardim botânico que estamos construindo no Campus Natureza UdeC e serão testemunho duradouro de sua contribuição para nossa comunidade”, afirmou seu diretor, Cristian Echeverría Leal.
“Sem dúvida, um lugar importante neste projeto é ocupado pelas pessoas, e a cerimônia que estamos realizando é bastante significativa porque justamente estamos desenvolvendo um projeto que nos permite também acompanhar aqueles que se aposentam durante sua fase de retiro, e hoje os convidamos a conhecer o Campus Natureza e a plantar sua semente, plantar sua árvore neste espaço tão significativo para o futuro da universidade”, declarou o vice-reitor de Assuntos Econômicos e Administrativos da UdeC, Dr. Miguel Quiroga Suazo.
Na mesma linha, a diretora de Pessoal da UdeC, Cecilia Saavedra Valenzuela, destacou o sentido de comunidade: “Através deste símbolo, desta plantação, o que queremos refletir é o tipo de comunidade que desejamos ter, tanto com o corpo discente, com as pessoas que integram a comunidade de trabalhadores e trabalhadoras, e agora também com aqueles que se aposentaram. Nos interessa manter este vínculo, e plantar esta árvore, claro, é um símbolo disso”.
Quem se aposentou valorizou especialmente a proximidade do encontro: “Acho uma excelente atividade, muito carinhosa, muito próxima do que buscamos quando terminamos de trabalhar e mantemos vínculos ativos com a Universidade. Este selo de nos aproximarmos da natureza e deixar uma marca na terra dos campi da universidade me parece uma excelente ideia, muito boa ideia”, comentou Marta Ruiz Peyrin, ex-acadêmica da Faculdade de Odontologia.
Vozes das escolas e do território
A experiência incluiu crianças, jovens e docentes de estabelecimentos próximos, reforçando o aprendizado prático e a valorização da flora nativa. A professora Lina Uribe Arancibia, do Colégio El Refugio, agradeceu a atividade de aprendizagem para os estudantes e destacou: “É uma grande experiência que transcende, porque eles poderão, quando adultos, vir observar suas árvores”.
O depoimento estudantil também destacou os benefícios para a fauna: “Gostei da atividade principalmente para vir plantar e para quando as árvores estiverem maiores, terem um novo habitat para os pássaros”, disse Lucas Cid, do mesmo colégio. Já Francisco Castro, do Colégio Juan Gregorio Las Heras, ressaltou o aprendizado prático: “A atividade me pareceu muito divertida. Foi legal não só estudar muito sobre a ciência das plantas, mas também plantar e realmente tocar a natureza”.
Conservação ex situ: por que Nothofagus
A plantação comunitária foi realizada sob a linha de trabalho de conservação ex situ do Campus Natureza UdeC, que busca proteger a diversidade genética de espécies nativas-chave.
É importante lembrar que são 37 espécies, distribuídas em 7 países do hemisfério sul, que compõem o gênero Nothofagus. A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) revela que o ruil, hualo e carvalho-de-Santiago estão ameaçados e são endêmicos do Chile, ou seja, só existem em nosso país.
Além disso, são considerados essenciais para a saúde dos bosques mediterrâneos da zona central, fornecem habitat para a fauna e contribuem para a resiliência da paisagem.
Na próxima semana, serão incluídos estudantes da UdeC com trajetória destacada, que continuarão a plantação e o cuidado dos exemplares, ampliando o alcance desta iniciativa intergeracional que une a comunidade universitária e escolar em torno da natureza, sustentabilidade e legado.