Lorena Vargas: “As mulheres temos que abrir um mundo mais equitativo no setor florestal”
Em Conversando com a Acoforag, Lorena Vargas, gerente da Guivar Transforma, compartilhou sua experiência liderando uma empresa florestal em um ramo historicamente masculino, destacando os desafios que teve que enfrentar e a importância de construir um setor mais equitativo e inovador.
“Tive que derrubar três barreiras importantes no início: demonstrar que não estava aqui apenas por ser filha de um dos sócios, abrir meu caminho com apenas 20 anos recém-saída da universidade e trabalhar em um mundo absolutamente masculino. Tudo isso exigiu um duplo esforço”, afirmou Vargas, sublinhando que esta é uma realidade compartilhada por muitas mulheres na indústria.
A empresária reconheceu que essa experiência inicial transformou-se em um impulso para gerar mudanças. “Hoje, como empresária, sinto a responsabilidade de abrir um mundo com mais oportunidades e diversidade. A estratégia, as equipes e as empresas se enriquecem com olhares diferentes, e aí os líderes temos um papel fundamental”, afirmou.
Mudança comercial
A mudança de Comercial Guivar para Guivar Transforma, em 2019, marcou um ponto de inflexão na companhia. Sob sua liderança e a de sua irmã, a empresa incorporou inovação, comunicação estratégica e uma visão centrada no serviço e na sustentabilidade. “Somos um setor renovável, estamos inseridos em comunas pequenas como Trehuaco ou Coelemu, e o que fazemos tem um impacto direto na vida das comunidades locais”, destacou.
No entanto, Vargas advertiu que o ramo enfrenta uma “tempestade perfeita”, com múltiplos fatores que ameaçam seu desenvolvimento: a escassez de matéria-prima, os efeitos da mudança climática, a concorrência desleal e um mercado de exportações com alta incerteza. “Isso nos obriga a inovar, a encadear-nos com outras empresas e a trabalhar mais forte em rastreabilidade e no combate ao comércio ilegal”, pontuou.
Economia circular
Com raízes familiares na indústria madeireira há mais de 40 anos, a Guivar Transforma passou de ser uma pequena serraria a uma companhia reconhecida por seu compromisso com a economia circular e a agregação de valor à madeira. “Transformamos desde a floresta até o cliente final, porque acreditamos que a madeira é um produto renovável e essencial para o futuro”, assegurou Vargas.
Finalmente, a gerente geral recalcou que o desafio não é apenas empresarial, mas também cultural: “O setor florestal precisa de mais mulheres, mais inovação e mais colaboração público-privada para enfrentar os tempos que vêm. Não tem sido fácil, mas cada passo demonstra que é possível transformar a madeira e transformar também nossa forma de liderar”.
A entrevista completa no canal do Youtube da Acoforag: