MOP busca impulsionar o uso da madeira em suas obras
Embora o cimento, ferro e aço tenham sido tradicionalmente os principais materiais utilizados pelo Ministério de Obras Públicas (MOP) para erguer múltiplas obras na Região, e a madeira fosse praticamente relegada para a construção ou reparação dos 900 pontes rurais existentes em Biobío, agora a perspectiva da pasta está mudando.
Considerando o impacto que a indústria da construção gera no meio ambiente, visualizou-se, assegurou o seremi de Obras Públicas, Hugo Cautivo, que existem múltiplos benefícios no uso da madeira, especialmente na edificação pública, pois contribui para a redução de emissões que afetam o meio ambiente, aumenta a eficiência na utilização dos recursos e a produtividade, promove a redução de resíduos e dos prazos de obra e, além disso, colabora com a cadeia produtiva de atores em um ecossistema de inovação.
Por isso, segundo explicou Cautivo, desde o ano passado, junto com a Corfo e outras pastas como o Ministério da Habitação e Urbanismo, que através da industrialização de moradias em madeira e do Plano de Emergência Habitacional têm contribuído para esta tarefa, entenderam que é importante comprometer-se como MOP, não apenas pensando em um eixo do desenvolvimento sustentável, mas também em impulsionar o crescimento e fortalecimento da Região.
A autoridade sustentou que capacitaram funcionários de todas as direções operativas, ou seja, integrando Obras Portuárias, Obras Hidráulicas, Aeroportos, Viabilidade e Arquitetura, que tem um papel estratégico central para explorar quais são os usos que podem dar à madeira a partir do eixo industrial.
Avanços
Até o momento, a Seremi a nível local já conta com exemplos concretos, por exemplo, a Direção de Arquitetura realizou a nova Escola de Formação de Carabineiros, inaugurada no final de maio e que implicou um montante de $17.500 milhões, que contou com o revestimento em madeira laminada do ginásio.
Além disso, impulsionará a educação pública, pois já está em projeto da Direção de Arquitetura a futura Escola da Ilha Mocha que será de madeira, composta através de painéis, para o que já conta com toda a logística para transportar os materiais pré-fabricados. O investimento será de $7 mil milhões, $5 mil serão aportados pelo MOP e $2 mil através do FNDR. Neste caso, está em alocação orçamentária para licitação.
Além disso, o MOP realizará a reposição do Liceu de Cañete que, segundo explicou Cautivo, também será construído em madeira, obra que impulsionarão através do Plano Bom Viver, em conjunto com o Ministério da Educação e mandatados pelo Governo Regional. O centro educacional terá um montante próximo a $30 mil milhões, com financiamento compartilhado entre o GORE, MOP e a municipalidade de Cañete. Esta obra tem prazo estimado de adjudicação de contrato para novembro de 2025. “Esses são parte dos desafios”, comentou.
Entre os trabalhos que o MOP executou nos últimos anos e nos quais incorporaram madeira destacam-se o Teatro Biobío, inaugurado em 2018 por um custo aproximado de $18.000 milhões e o futuro projeto com madeira como material predominante como a Casona Eyheramend em Los Álamos, que queimou em 2021, quando ia ser restaurada para convertê-la em biblioteca, atualmente está em atualização de projeto e ingressada no Conselho de Monumentos Nacionais para sua aprovação. Posteriormente, virá a tramitação de permissões para que o projeto seja executado.
Pontes
Cautivo recordou que historicamente o MOP tem trabalhado com madeira na construção de centenas de pontes rurais que existem na Região, mas que agora esse uso da madeira não é suficiente.
Por isso, começarão a incorporar a materialidade em obras muito maiores, por exemplo, no viaduto Chacabuco que hoje se encontra em construção, que conta com 67% de avanço e que permitirá unir a ponte com a avenida homônima.
“Este vai ter um revestimento de madeira como parte deste sinal que queremos dar de um trabalho que, insisto, que o tema hoje de avançar em matéria de desenvolvimento sustentável na Região, de maior crescimento, do uso industrial da madeira não é apenas uma tarefa para o Ministério da Habitação, é uma tarefa para todo o Estado, e nós queremos nos incorporar aí”, disse o seremi de Obras Públicas.
Preparação
Queremos que o uso tradicional da madeira mude, afirmou Cautivo, que as PMEs possam desenvolver partes e peças baseadas nesta materialidade, não necessariamente no que é mais tradicional, por exemplo, uma viga de madeira de uma ponte, mas em outras obras.
“Nós temos esta definição de uma região de Biobío capital e uma indústria logística. Sabemos que a Região é capital da indústria florestal, mas agora acreditamos que é preciso transitar para que seja a capital da indústria da madeira. Além disso, pelo desafio que significa hoje reindustrializar a Região com novos desenvolvimentos produtivos, acho que isto também vai nesta linha”.
Para a autoridade os usos da madeira já não devem ser tradicionais”, disse a autoridade regional.
Acrescentou que “por exemplo, nem apenas pilares de pontes nem apenas estéticos, de recobrimento, de revestimento de obras, mas a nível mais estrutural, e ver quais podem ser essas partes e peças que possam ser utilizadas nas obras públicas, que possam ser fabricadas e parte de um sistema produtivo regional, que apontem para fortalecer temas regionais”.
Reconheceu, no entanto, que ainda falta muito conhecimento da área, motivo pelo qual estão realizando um plano estratégico com a Corfo e Codesur (Corporação de Desenvolvimento Rural), abrindo as possibilidades para que em alguns lugares em que se usava aço, ferro ou cimento, eventualmente, possam ser usados revestimentos de madeira, pelas características que tem.
“Queremos ver que experiências piloto podem continuar sendo desenvolvidas, porque o crescimento também implica um desafio de transformação para muitas PMEs regionais. O uso industrial da madeira significa não apenas como se está apresentando uma iniciativa do ponto de vista casuístico ou artesanal, mas permitirá que as empresas possam fabricar peças e partes, que sejam incorporadas em diferentes tipos de obras públicas. Para lá estamos apontando através deste plano estratégico”.
Durante o que resta da administração do Presidente Gabriel Boric não existem montantes específicos para desenvolver projetos, afirmou, porque estão falando de experiências piloto iniciais. “É mais o que podemos gerar em matéria de conhecimento (…) conhecer os materiais e seus potenciais usos, mas também capacitar profissionais, tanto nossos como no mundo privado, que tem sido parte das tarefas que também assumimos com o plano estratégico do uso industrial da madeira, de tal forma de também formar gente que possa fazer um maior uso e mais identificado, e intensificando o que significa este uso industrial”.
Pontuou que é importante que as PMEs possam compreender a importância da mudança, que incorporem tecnologia, a capacidade de projeto, de execução e logística para poder incorporar-se ao que significa o processo industrial da madeira.
“Isto é algo incipiente no nosso caso, insisto, obviamente o desenvolvimento que há a nível do que é habitação e edificações mais desenvolvidos, mas nós queremos meter-nos nisto porque entendemos que isso é o futuro. Do ponto de vista do que significa pensar no desenvolvimento da região e pensar em um maior crescimento industrial da região”.
Fonte:Diario Concepción