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Região: impulsionam indústria de combustíveis sustentáveis a partir do CO₂ florestal

Região: impulsionam indústria de combustíveis sustentáveis a partir do CO₂ florestal

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A Região de Biobío, tradicionalmente vinculada ao desenvolvimento florestal e à indústria de celulose, busca transformar-se em um novo epicentro energético no Chile. Um conjunto de empresas, universidades e centros de pesquisa impulsiona a produção de combustíveis sintéticos, capazes de mover aviões, barcos, caminhões, guindastes e maquinário pesado, a partir de dióxido de carbono (CO₂) capturado dos processos florestais e de hidrogênio verde.

Um CO₂ "biogênico"

O coração deste tipo de combustíveis é a captura de CO₂ considerado biogênico, ou seja, aquele de origem biológica, neste caso de biomassa florestal e que, ao liberar-se em processos industriais, mantém um ciclo neutro em termos de carbono.

Andrea Moraga Paredes, gerente da Unidade de Hidrogênio e Sustentabilidade do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de Concepción, comentou que “o CO₂ utilizado neste processo sai da combustão, diretamente dos processos. É uma emissão que vai para o ar e que é contaminante porque é um gás de efeito estufa. Como as empresas de celulose têm florestas, as árvores o que fazem em seu processo de fotossíntese é tomar dióxido de carbono e convertê-lo em oxigênio. Por isso se fala em neutralidade de carbono: o mesmo carbono que é emitido é o que antes foi absorvido pelas florestas”.

Segundo Moraga, Biobío é a região do país com maior disponibilidade deste tipo de carbono, o que abre uma oportunidade estratégica. “Em todo o Chile, a região que tem mais carbono biogênico disponível como captura direta de um processo é a Região de Biobío. Tanto pelas plantas de celulose como pelas de biomassa, como as plantas de biogás, por exemplo. É mais eficiente capturá-lo nas chaminés industriais que do ar, porque ali está muito mais concentrado”, acrescenta.

Do laboratório à indústria

Os combustíveis sintéticos, também conhecidos como e-fuels, são gerados combinando CO₂ capturado com hidrogênio verde, produzido a partir de energias renováveis. Uma das rotas mais conhecidas é o processo Fischer-Tropsch, que permite sintetizar diesel e gasolina sintética, entre outros hidrocarbonetos, com propriedades similares aos combustíveis fósseis tradicionais.

“Existem diferentes vias de converter este hidrogênio e este dióxido de carbono em produtos de hidrocarbonetos. Quase todos os que conhecemos hoje provêm do petróleo. O que se busca agora é replicar esses processos, mas usando insumos sustentáveis e energias renováveis”, detalha Moraga.

A pesquisadora acrescenta que a viabilidade técnica já não está em discussão: “Isto está sendo feito. Temos exemplos em Magalhães (Haru Oni) e em breve em Biobío, onde já se constrói uma planta piloto (Synfuels Biobío). Inclusive em laboratórios da Universidade de Concepción estamos produzindo metanol. O desafio hoje é de escala: como fazê-lo competitivo em custos e com clientes dispostos a comprar esses produtos”.

Transporte pesado na mira

Um dos principais usos projetados para estes combustíveis é o transporte de carga, setor difícil de eletrificar pelo peso das baterias e a autonomia requerida em rotas longas.

Javier Soubelet, gerente de H2V Biobío, enfatiza que este é um mercado prioritário, já que “estamos abrindo outros potenciais usos, como a mobilidade para transporte de carga pesada, caminhões especificamente, empilhadeiras, e estamos pensando em toda a cadeia dos derivados do hidrogênio, com a grande disponibilidade de CO₂ da indústria florestal para produzir combustíveis sintéticos e metanol”.

Soubelet precisa que já existe um projeto concreto: “No caso dos combustíveis sintéticos, diesel ou gasolinas, há uma iniciativa patrocinada por um consórcio formado por Arauco, Copec, Abastible e uma empresa alemã. Querem desenvolver uma planta piloto de produção na Planta de Horcones, em Arauco”.

Uma aposta de longo prazo

A iniciativa, Synfuels Biobío, é liderada por Bioforest, subsidiária de pesquisa de Empresas Arauco, e conta com a participação de diversas empresas e sócios tecnológicos internacionais. A proposta foi adjudicada dentro do Programa Tecnológico Estratégico (PTEC) da Corfo, que permitirá instalar e operar uma planta piloto na região, e busca posicionar o hidrogênio como vetor chave na transição energética chilena.

Sebastián Mandiola Peralta, gerente de Bioforest, assinalou que “participam empresas como Abastible, Copec e Ineratec, além de numerosos associados e interessados que apoiam o desenvolvimento. O que buscamos é validar tecnologias de captura de CO₂ emitido pela indústria florestal e produzir e-fuels com alto potencial de escalonamento comercial”.

A meta é que nos próximos anos Biobío não só seja um centro exportador de celulose e madeira, mas também de energia limpa para o transporte pesado nacional e internacional.

O desafio econômico

A produção de e-fuels ainda tem custos significativamente mais altos que o diesel fóssil, por isso a aposta sustenta-se na expectativa de uma queda de preços do hidrogênio verde e nas crescentes exigências regulatórias e de mercado em torno da descarbonização.

Andrea Moraga sublinha: “A palavra viabilidade é complexa, porque inclui fatores técnicos, econômicos e sociais. Tecnicamente já é possível; economicamente dependerá da escala e de contar com demanda estável. Mas este é o caminho que está sendo seguido a nível mundial e o Chile tem vantagens comparativas, especialmente na região de Biobío”.

Enquanto Europa e Ásia avançam em regulamentações que exigirão combustíveis mais limpos na aviação e transporte marítimo, o Chile busca posicionar-se como fornecedor destes insumos. Neste cenário, a Região de Biobío aparece como um território chave, graças ao seu ecossistema florestal-industrial e ao trabalho conjunto entre academia, empresas e Estado.

Fonte:Diario Concepción

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