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CMPC: “Investiríamos no Chile, mas é necessária segurança e licenças adequadas”

CMPC: “Investiríamos no Chile, mas é necessária segurança e licenças adequadas”

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Coincidindo com a conjuntura da recente troca dos ministros da Fazenda e da Agricultura, o gerente geral da Empresas CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, conversou com “El Mercurio”. O principal executivo da Papelera — ligada ao grupo Matte — abordou esses ajustes no Governo e o desempenho da companhia em meio aos menores preços da celulose e a incerteza tarifária global.

Também atualizou os planos no Brasil com seu projeto de celulose Natureza, de US$ 4,5 bilhões, e o ambiente no Chile para novos investimentos. Este último, em meio a um período eleitoral e com a carga ainda presente da insegurança e entraves a incentivos para investimentos no âmbito florestal.

—Como analisa a saída de Mario Marcel do Ministério da Fazenda?

“Mario Marcel é um grande economista e era um ministro de muita relevância para este governo. Estamos todos bem surpresos com sua saída, eu pelo menos não a esperava”.

—Como vê os desafios econômicos daqui a março com o ministro Nicolás Grau na Fazenda e os desafios no setor florestal sob a nova ministra da Agricultura, Ignacia Fernández?

“Confiamos que a ministra Fernández siga adiante com o projeto de incentivo às plantações florestais que está sendo trabalhado pelo Ministério da Agricultura. Porque se queremos falar de crescimento, este é um setor que tem potencial, produtos altamente demandados e alto impacto de atividade e emprego desde o Maule até Los Lagos. Esperamos que sejam medidas concretas e que sejam recolhidas as sugestões apresentadas pelos sindicatos madeireiros”.

“Com o ministro Grau também temos estado trabalhando em fórmulas para incentivar as plantações, aproveitando sua capacidade de absorção de carbono, assim que confiamos que estes esforços tenham agora também o respaldo da Fazenda”.

—Qual é o balanço econômico na CMPC deste ano em meio a menores preços da celulose e tensões tarifárias com relação aos EUA?

“Este tem sido um ano de importantes desafios para a indústria. O tema tarifário tem gerado distorções nos mercados e incerteza em vários deles. Soma-se a isso que há economias que se debilitaram, por exemplo a China, que é bem relevante no desenvolvimento das exportações chilenas”.

“Quanto às tarifas, o Chile fica em uma posição não desfavorável em relação aos principais países com que compete. Ficamos com 10% de tarifa, por exemplo, na celulose”.

—Em 2023, nos Estados Unidos destinaram US$ 40 milhões à compra da Powell Valley, dedicada a produtos de remanufatura em madeira. Há novos passos nesse país?

“Demos outro passo no sentido de aumentar a capacidade de produção do que compramos. A Powell Valley tem uns 30.000 metros cúbicos de capacidade de produção e superará os 50.000 metros cúbicos. Então, demos um passo quanto ao investimento — de US$ 20 milhões — para aumentar nossa participação em produtos de acabamentos em madeira”.

Ambiente eleitoral

—Estão se completando quatro meses desde que Bernardo Larraín Matte assumiu a presidência da CMPC. Houve alguma mudança?

“Bernardo teve uma trajetória muito destacada à frente da Colbún, onde foi gerente geral, vice-presidente e presidente. Além disso, teve uma importante experiência sindical liderando a Sofofa. Na CMPC, integrou-se ao diretório em maio de 2021 e depois assumiu como vice-presidente, até que em abril deste ano começou a exercer a presidência. Conhece muito bem a companhia. Sem dúvida, ele está sendo uma importante contribuição para o desenvolvimento da CMPC e em particular com a estratégia 2030 que definimos. Ele entende o setor florestal como uma fonte importante de desenvolvimento para o Chile”.

—Como visualiza o desenvolvimento florestal local no atual cenário eleitoral?

“Há uma questão que é bem interessante. Há um alinhamento especial no Chile, de praticamente todos os candidatos e os programas que conhecemos, sobre a importância de voltar a crescer, uma coisa que esteve meio adormecida por algum tempo. Destaco muito que os candidatos estejam a favor do crescimento, e a indústria florestal a têm incorporada como um dos motores do crescimento”.

—Como veem o futuro se ganha o oficialismo, cuja candidata presidencial é do Partido Comunista?

“Mais que dar uma opinião política, posso dizer que a companhia toma decisões além da conjuntura política, mira o longo prazo. Pense que uma rotação florestal dura 20 anos, ou seja, são vários governos. Então, as decisões são adotadas a longo prazo... Nós temos estado investindo no Brasil em governos também de esquerda. Investimos em governos de direita. Então, diria que a visão da empresa nesse sentido é como um pouco agnóstica. O que sim nos preocupa é que o governo que esteja seja pró-crescimento, pró-investimento e que acompanhe um desenvolvimento econômico equitativo e integral no Chile”.

Potencial florestal chileno

—Qual é hoje a real relevância da indústria florestal no Chile?

“Primeiro, é um setor super relevante, potente, na geração de atividade e emprego nos lugares onde se desenvolve... É uma indústria que gera mais de 300.000 empregos e poderia ser muito mais se tivesse um crescimento. O segundo, é que o Chile é um país florestal muito competitivo. Temos a produção de fibra longa, ou de pinho, mais competitiva a nível global. Esta é usada para produzir caixas de embalagem, cartolinas, papéis de impressão. E em eucalipto, o Chile é o segundo produtor mais eficiente do mundo, após o Brasil”.

“O terceiro, é que a indústria tem produtos muito apetecidos pelas pessoas hoje em dia. A madeira substitui os combustíveis fósseis, a floresta é renovável e seus produtos são biodegradáveis e recicláveis... O quarto aspecto é que no Chile temos a possibilidade também de aumentar a massa florestal que hoje existe, falo das plantações florestais e da floresta natural”.

—Há solos para que o setor cresça no Chile?

“O Chile tem solos que estão em processo de degradação ou de erosão, que se estimam em uns dois milhões de hectares que poderiam ser plantados... Para cumprir a meta de carbono neutralidade, o país pelo menos teria que plantar umas 900.000 hectares adicionais. É uma quantidade importante que se poderia agregar e ter um setor florestal mais robusto”.

“Agora, para que no Chile existam condições habilitantes para investir, é evidente que, por exemplo, se devem resolver temas de segurança, aumentar a massa florestal que permita produzir. Não me refiro à massa florestal das grandes empresas, mas sim que existam os incentivos adequados para pequenos produtores, que são cerca de uns 25 mil. Hoje existem algo menos de dois milhões de hectares plantadas. Em algum momento foram 2,3 a 2,4 milhões. Estamos em níveis similares aos dos anos 90”.

—Com essas hectares não há mais espaço para novas plantas no país?

“Não, não há nenhuma possibilidade...”

—A incidência da insegurança retrocedeu ou segue forte?

“A insegurança tem uma correção nos últimos anos. A lei de roubo de madeira, de 2023, teve uma muito positiva incidência no que diz respeito a diminuir os atentados, mas mesmo assim têm seguido. É inaceitável ter inclusive um atentado. Nós temos tido recentemente atentados em alguns lugares. O tema da segurança é uma questão fundamental”.

Avanços no Brasil

A CMPC produz umas 4,5 milhões de toneladas de celulose aproximadamente. O Brasil explica uns 2,4 milhões e é maior que o Chile. Com o projeto Natureza, o Brasil aumentaria para 4,8 milhões ou quase 5 milhões de toneladas.

—A balança em celulose se inclina para o Brasil, porque não se pode investir no Chile?

“Se a pergunta é, vocês investiriam no Chile?, lhe digo, definitivamente, investiríamos no Chile. Mas requer dessas condições que falávamos. Resumiria em duas coisas: segurança, em conjunto com ter mais massa florestal, e o outro é ter as licenças adequadas para poder incentivar investimentos no Chile. Se as condições estiverem, o Chile pode ser um país florestal mais relevante do que é hoje”.

—Em que está o projeto Natureza no Brasil, a construção da planta de celulose de US$ 4,5 bilhões?

“É um projeto de 2,5 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. O lugar onde estará instalado é em uma zona próxima à planta atual (Guaíba), com o que é interessante do ponto de vista das sinergias”.

“Temos aprovada uma primeira etapa que se chama termos de referência, que é muito relevante. É o conhecimento inicial da autoridade a respeito do projeto. Não há engenharia de detalhe nessa altura, mas sim uma descrição da iniciativa, sua localização, tamanho. É muito relevante, porque nesse ponto já há uma observação da autoridade brasileira”.

“Depois vem uma fase bem importante que se chama licença prévia... É um ponto bem adiantado do caminho à aprovação, que deverá estar pronto entre novembro ou dezembro deste ano. Logo, esperamos a licença de instalação, que é a aprovação definitiva para a construção, que seria durante o primeiro trimestre do próximo ano”.

—E a aprovação do diretório da CMPC quando ocorreria?

“Isto não foi sancionado pelo diretório, que evidentemente conhece muito bem o projeto. Será uma vez obtidas as licenças. Isso seria durante o primeiro semestre do próximo ano”.

“Isto (autorizações) no Brasil é rápido... Como dizia, para que haja mais investimento no Chile tem que haver florestas, melhorar a segurança e, por outro lado, contar com um sistema de aprovação de projetos e licenças que seja também muito eficiente e conectado com quem queira investir”.

—Gera ruído no Brasil a ameaça de tarifa de 50% que anunciou os Estados Unidos a esse país?

“Não, porque os Estados Unidos concluíram que não a aplicam para a celulose, que ficou isenta do 50%”.

—Quantas pessoas trabalhariam na construção da Natureza e logo na operação?

“Na construção deveriam ser da ordem de 10.000 pessoas. E em regime, umas 1.500 com trabalho permanente”.

—Estão vendo o financiamento para esse projeto?

“Já estamos estudando planos. Esta é uma companhia muito responsável quanto ao manejo de seu balanço e de sua dívida. Ainda é algo que está em um processo de definição de como será a combinação desse financiamento. Mas o vemos com muita tranquilidade”.

Fonte:El Mercurio

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