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Acoforag: “É o Estado que está falhando e abandonou os trabalhadores florestais”

Acoforag: “É o Estado que está falhando e abandonou os trabalhadores florestais”

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“O Estado abandonou os trabalhadores florestais da macrorregião sul”. Com essas palavras, o gerente da Associação de Contratistas Florestais (Acoforag), René Muñoz, reagiu ao violento ataque armado registrado na noite de sábado na comuna de Victoria, região de La Araucanía, que deixou um trabalhador morto e outro gravemente ferido.

O fato ocorreu na interseção das rotas CH-181 e R-283, no setor de Selva Oscura, quando dois vigilantes que prestavam serviços de segurança para a CMPC foram emboscados por encapuzados. Manuel León Urra (60) faleceu no local, enquanto César Osorio (50) resultou com lesões graves. Ambos estavam em uma caminhonete destinada a rondas preventivas por fazendas e estradas.

Em conversa com o Biobio, Muñoz lembrou que desde 2014 a associação tem alertado o Estado sobre a falta de respostas ante uma violência que qualificou de “permanente”. Segundo cifras da Acoforag, nos últimos 12 anos foram registrados 511 atentados, o que equivale a uma média de quatro ataques mensais.

“O problema é que seguimos fazendo o mesmo: destinam-se recursos, desdobram-se militares e policiais, mas os ataques não cessam e inclusive são mais violentos. Os Carabineros não estão capacitados para enfrentar este tipo de luta, porque seu mandato constitucional é a ordem pública, não o combate contra grupos armados organizados. Aqui se requer uma força diferente, com preparação, tecnologia e meios, porque todos sabemos onde está a violência, mas ninguém a quer enfrentar”, afirmou.

O dirigente enfatizou que trabalhar na indústria florestal “é hoje um perigo de morte”, lembrando que León Urra é o quinto trabalhador assassinado na zona nos últimos anos. “Não existe no mundo um ofício onde um trabalhador tenha que sair todos os dias esperando que o ataquem, o sequestrem ou o matem. Isso não merece ninguém, muito menos uma pessoa que só trabalha por um salário mensal”, acrescentou.

Diante da falta de medidas eficazes, a Acoforag recorreu a instâncias internacionais. Apresentaram reclamações ante a Convenção Interamericana de Direitos Humanos e a OIT, pela violação dos direitos fundamentais e a inação do Estado frente aos riscos que enfrentam os trabalhadores.

“Investiram-se mais de 23 bilhões de pesos em três anos de estado de exceção, mas as Forças Armadas só acompanham, não têm ingerência direta nos procedimentos. Isso é seguir queimando óleo nas estradas de La Araucanía. Aqui falta inteligência, prevenção e vontade política real. Se este nível de violência ocorresse em Santiago, já teria sido resolvido. Mas como ocorre no sul, deixa-se estar”, sustentou Muñoz.

O dirigente concluiu que a responsabilidade recai sobre todo o aparato estatal: Executivo, Legislativo e Judiciário. “É o Estado que está falhando. E enquanto isso não mudar, os trabalhadores florestais seguirão expostos a serem massacrados em sua própria terra”, sentenciou.

A entrevista no Biobio TV:


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