Acoforag: "Em 12 anos este é o quinto assassinato de trabalhadores florestais na macrorregião sul"
O assassinato de Manuel León Urra, guarda florestal de 60 anos, e os graves ferimentos sofridos por César Osorio, de 50 anos, em um ataque armado na comuna de Victoria, continuam gerando fortes reações no setor florestal.
Em entrevista à Rádio Cooperativa, o gerente da Associação de Contratistas Florestais (Acoforag), René Muñoz, acusou um abandono do Estado e denunciou que os contratistas e trabalhadores há mais de uma década são vítimas de uma violência sistemática.
"Em 12 anos este é o quinto assassinato de trabalhadores florestais na macrorregião sul. Acreditamos que é terrorismo puro e deve ser investigado sob a Lei Antiterrorista, que hoje tem melhores ferramentas para punir estes crimes", afirmou.
Muñoz reconheceu certos avanços no trabalho das polícias e do Ministério Público —como detenções, desarticulação de máfias do roubo de madeira e redução de atentados—, mas ressaltou que os resultados são insuficientes:
"Estamos nisto há 12 anos. Nós não perdemos apenas máquinas, perdemos nossos trabalhadores, empreendimentos e sonhos familiares. Queremos trabalhar tranquilos, como qualquer chileno".
O dirigente sustentou que, embora exista coordenação com os Carabineiros e as Forças Armadas sob o Estado de Exceção, a estratégia atual é limitada:
"O Estado de Exceção é necessário, mas não é suficiente. Acreditamos que se requer uma polícia diferente, treinada especialmente para enfrentar grupos armados com características de guerrilha, ligados ao tráfico de armas e ao roubo de madeira. Hoje existe um círculo virtuoso do crime na zona".
Muñoz também denunciou a existência de extorsões e cobranças ilegais a contratistas para permitir-lhes trabalhar, mas assegurou que muitos afetados não formalizam as denúncias por medo de represálias.
Diante desta situação, recordou que a Acoforag apresentou uma denúncia perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e que também recorreram à OIT pelo descumprimento da Convenção 187, que protege a segurança e vida dos trabalhadores.
"O assassinato de Manuel León Urra reforça ainda mais nossa denúncia. Acreditamos que o Estado chileno só se move pela pressão internacional. Denunciamos há 12 anos o que ocorre e não tem sido suficiente. O que exigimos é segurança, dignidade e o direito de trabalhar em paz", concluiu.