Menor demanda nos EUA pressiona setor florestal
O registro mais recente do indicador "taxa de habitações iniciadas" nos Estados Unidos, referente a maio deste ano, acionou alertas no setor florestal global. Com um valor anualizado de 1,26 milhões de habitações, trata-se do nível mais baixo desde abril de 2020, em plena pandemia, segundo o relatório da Infor.
A queda representa um declínio interanual de -7,3% em relação a maio de 2024 e uma forte redução mensal de -9,8% em comparação com abril deste ano. Especialistas interpretam essa contração como uma resposta do mercado imobiliário à incerteza gerada após os anúncios de 2 de abril sobre novas medidas tarifárias no comércio norte-americano.
Repercussões em produtos florestais
O enfraquecimento do setor da construção nos EUA já se reflete nos índices de preços ao produtor (PPI) de produtos florestais. Os produtos de engenharia em madeira apresentam uma queda interanual de -6,3%, com seis meses consecutivos de recuos mensais.
Enquanto isso, os painéis de madeira registram uma diminuição interanual de -3%, acumulando onze meses seguidos de quedas. Por outro lado, os molduras de madeira apresentam maior estabilidade, com um leve aumento de 0,2% interanual e um crescimento mensal de 1,5%.
Em contraste, a madeira serrada de coníferas mostra um aumento interanual de 9,1%, embora esse número se explique principalmente por uma baixa base de comparação após o declínio observado em maio de 2024. No entanto, em termos mensais, o índice caiu -3,2%, acumulando uma queda de -16,5% desde março.
Tendências globais ditam o ritmo
O cenário internacional também condiciona o futuro do setor florestal chileno. As projeções de crescimento econômico mostram uma leve desaceleração em nível global:
• Economia mundial: de 3,4% em 2024 para 2,9% em 2026.
• China, o principal parceiro comercial do Chile, cai de 5,0% para 4,3%, embora continue liderando entre as grandes economias.
• EUA, mercado-chave para exportações florestais, projeta uma queda significativa: de 2,8% em 2024 para 1,5% em 2026.
• Europa mantém um crescimento fraco, mas estável (de 0,6% para 1,2%).
• Coreia do Sul se destaca com uma recuperação esperada de 2,2% em 2026.
Implicações para o Chile
Diante desse cenário, o setor florestal chileno enfrenta o desafio de diversificar mercados e adaptar estratégias comerciais. Apesar da desaceleração global, o dinamismo sustentado de países como China e Coreia do Sul representa uma oportunidade para reorientar as exportações.
Além disso, a queda nos preços de produtos-chave obriga a avaliar decisões de investimento, inovação e desenvolvimento de produtos com maior valor agregado, para manter a competitividade em um contexto internacional cada vez mais exigente e volátil.