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Radiografia do ressurgimento da vida de uma floresta após um incêndio

Radiografia do ressurgimento da vida de uma floresta após um incêndio

Desde insetos que se alimentam de madeira queimada até pássaros que se nutrem de insetos para dar passagem ao retorno precoce dos grandes animais que fugiram das chamas. Assim é a radiografia do ressurgimento de uma floresta calcinada depois de, em agosto, terem ardido na Espanha mais de 300.000 hectares.

«Numa floresta queimada a vida continua», assegura à EFE o engenheiro especialista em ecossistemas terrestres Víctor Resco de Dios, catedrático de Engenharia Florestal e Mudança Global na Universidade de Lleida.

As áreas de terreno queimadas oferecem oportunidades a espécies oportunistas; «a águia-perdigueira costuma aparecer em zonas chamuscadas já desde o dia seguinte ao incêndio, e no quarto dia fica até a dormir», acrescenta o especialista.

Poucos dias após um grave incêndio, muitos animais que fugiram das chamas regressam ao habitat abandonado, segundo diversos estudos. As investigações sobre grandes carnívoros, por exemplo o lobo, indicam que essa espécie em particular é muito abundante em zonas queimadas com alta intensidade; «eles veem melhor as suas presas», assegura Resco de Dios.

Outros grandes animais como os ursos, ainda que se reduza o censo de exemplares, por exemplo na Cantábria ou Astúrias após os recentes incêndios, recuperarão a presença de indivíduos nessas zonas em poucos anos, segundo o especialista.

Grandes incêndios e impacto na vida natural

Segundo dados recentes fornecidos pela ministra para a Transição Ecológica (Miteco), Sara Aagesen, a onda de incêndios devastadores deste mês de agosto no ocidente peninsular deixou 336.345 hectares queimados.

De acordo com os seus números, foram afetadas por esses incêndios áreas críticas para a sobrevivência de mais de 350 espécies em perigo de extinção, vulneráveis ou em regime de proteção especial na lista de proteção LESRPE. Entre outras, o galo-montês, o urso-pardo, o lince e a cegonha-preta.

«As ilhas verdes» do terreno num incêndio

O engenheiro Resco de Dios explicou sobre os grandes incêndios que devoram milhares de hectares, que existem espaços naturais isolados que costumam escapar das chamas. São as chamadas «ilhas verdes», que serão «muito importantes» após a extinção para a regeneração da floresta.

Nem todas as espécies vegetais evoluem igual após o impacto do fogo; existem certas classes de mato, por exemplo o alecrim e a esteva, que não ressurgem após a passagem de um incêndio mas, graças aos bancos de sementes no solo, acabam germinando novamente.

No caso dos pinheiros, a maioria não rebrota (exceto o pinheiro-das-canárias), nem contém bancos de sementes no solo. No entanto, o pinheiro-bravo, da costa mediterrânea, é capaz de se regenerar a partir de um banco de sementes nas copas das árvores que liberta os pinhões após o calor do incêndio; isso confere-lhe uma capacidade regeneradora de que o resto não dispõe.

As pinhas guardam os pinhões até que o calor do incêndio faz com que se abram e sejam libertados - às pinhas fechadas guardando as sementes até ao incêndio chamam-se banco de sementes nas copas.

Chaves da recuperação ambiental

São várias as prioridades após um incêndio para a recuperação das plantas. O requisito imprescindível no início é fixar o solo; «é fundamental preservar essa camada mais superficial do terreno arrasado onde se concentram os nutrientes, acumulam-se em aproximadamente 5 centímetros».

«Se se perde, custa muito recuperá-la; trata-se de um recurso que demora milhares de anos a recuperar-se, por isso a prioridade neste momento é o solo».

A fase de repovoar viria mais tarde, embora primeiro seja fundamental dar uma oportunidade à regeneração natural, pelo menos com um horizonte de cerca de três anos; «após um incêndio nem sempre se deveria começar a repovoar», é preciso esperar normalmente algum tempo.

«Se chover muito e sobretudo de forma pausada, com muitos dias de precipitações, isso favorecerá a germinação das plantas; pelo contrário, se o outono for seco ou com precipitações torrenciais caso chova, isso dificultará o processo».

Em zonas com risco de deslizamento de terras onde desapareceu a vegetação, a repovoação vegetal deveria ser urgente, precisa o engenheiro.

Explicou ainda que é fundamental após um incêndio determinar as hectares que devem ser priorizadas na hora de empreender as primeiras ações no terreno e que obras licitar.

Num primeiro momento, o básico para cuidar do solo são «as fajinadas», umas pequenas socalcos com os próprios ramos das árvores queimadas; para evitar a erosão também se recorre ao «mulching» ou coberturas com palha; por vezes serão necessários também diques e obras mais complexas, explicou.

Fonte:EFE

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