Vítimas e sindicatos dizem que "justiça continua em dívida" por homicídios na macrorregião sul

Vítimas e sindicatos dizem que "justiça continua em dívida" por homicídios na macrorregião sul

Um em cada dois homicídios perpetrados na macrorregião sul, no contexto dos atentados incendiários e dos ataques armados de organizações radicalizadas, não foi esclarecido e não conta com pessoas detidas nem condenadas, segundo alertam sindicatos e associações de vítimas da violência.

Destacam a recente condenação pelo homicídio do inspetor da PD] Luis Morales Balcázar e que se prepare para outubro a fase de instrução do julgamento pelas mortes dos policiais Misael Vidal, Carlos Cisterna e Sergio Arévalo, mas pedem que todos os casos sejam investigados.

Isso porque são cerca de 30 os homicídios que não tiveram avanços na investigação, num universo de 66 vítimas fatais catalogadas por um estudo da Multigremial de La Araucanía, que compreende desde 2002.

O gerente da Associação de Contratantes Florestais, René Muñoz, expressa que "valorizamos o que foi feito para esclarecer alguns dos homicídios, mas são mais de 60 os cometidos em 23 anos e muitas vítimas ainda não conseguem obter resultados judiciais".

Lembrou que apenas seu sindicato sofreu o assassinato de cinco trabalhadores e que em nenhum dos casos se conseguiu prender os responsáveis e obter condenações. Junto ao mais recente dos ataques mortais, que custou a vida ao guarda florestal Manuel León, mencionou César Millahual, Benjamín Bustos, Alejandro Carrasco e Segundo Catril. "Nestes casos não há detenções nem avanços. Permanentemente estamos solicitando informação aos ministérios públicos", diz.

Acrescenta que a falta de resultados nos homicídios também se estende aos atentados incendiários. "Dos 516 ataques contra frentes de trabalho que sofremos desde 2014, apenas em três casos houve condenações", ressalta Muñoz.

"A justiça está em dívida com as vítimas do terrorismo e da violência, porque temos dezenas de homicídios sem punições", afirma o presidente da Associação de Vítimas da Violência Rural, Alejo Apraiz. Menciona entre outros o motorista Juan Barrios, queimado vivo em seu caminhão. Entre os integrantes da organização há familiares de pessoas assassinadas, por isso ressaltou que "temos que esclarecer todos os crimes para que haja justiça".

Vítimas civis

Patricio Santibáñez, presidente da Multigremial de La Araucanía, entidade que elaborou o detalhe de todos os assassinatos cometidos na macrorregião sul por grupos violentistas, destaca que "a maioria dos homicídios de funcionários policiais foi esclarecida, mas o mesmo não ocorre com muitos casos de vítimas civis".

Além disso, aponta que "os crimes mais recentes foram esclarecidos e isso coincide com o fato de haver um maior controle territorial do Estado" e acrescenta que "esta maior presença permitiu que as investigações fossem executadas e que houvesse mais pessoas dispostas a testemunhar ou a contribuir com informação".

A modo de exemplo, sustenta que "temos casos como o homicídio do agricultor Orwal Casanova, sobre o qual nunca houve mais antecedentes que permitissem que a investigação pudesse avançar".

"Não arquivar casos"

O titular da Associação de Agricultores de Malleco, Sebastián Naveillán, argumenta que "assim como se deve felicitar o sistema de persecução penal que permitiu esclarecer terríveis homicídios na macrorregião sul, também se deve exigir que nenhum dos assassinatos até agora não resolvidos, como o do líder Joel Ovalle e outros quatro agricultores, seja arquivado antes de encontrar os responsáveis. Para o sindicato, nossa principal preocupação é que suas mortes não fiquem impunes".

Fonte:El Mercurio

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