Chile entre os 25 primeiros no terrorismo mundial apesar de não ter guerra aberta

Chile entre os 25 primeiros no terrorismo mundial apesar de não ter guerra aberta

Apesar de algumas autoridades políticas se recusarem a reconhecer que existe terrorismo na macrozona sul, ataques incendiários, atos de violência anarquista e episódios vinculados a protestos sociais mantêm o Chile numa posição incômoda no Global Terrorism Index (GTI) 2025. Segundo o ranking elaborado pelo Institute for Economics & Peace, o país ocupa a 21ª posição a nível global, com uma pontuação de 5,082, situando-se acima de nações com conflitos armados históricos como o Iêmen e o Togo.

O chamativo é que o Chile aparece neste lugar sem enfrentar uma guerra aberta nem um conflito armado de grande escala, o que mostra como a violência interna teve impacto internacional.

A violência que explica o ranking

O relatório recorda que entre 2021 e 2023 registraram-se mais de 400 atentados contra caminhões, propriedades agrícolas e maquinaria florestal na Araucanía e no Biobío. Embora em 2024 os fatos tenham se reduzido drasticamente para 52 — muito abaixo dos 188 do ano anterior e sem mortes registradas —, o número continua posicionando o país num nível alto dentro da medição.

Segundo o GTI, 63% dos ataques foram atribuídos a militantes armados vinculados à causa mapuche, enquanto 37% correspondem a atos de anarquismo, incêndios intencionais e conflitos sociais.

René Muñoz, gerente da Acoforag, foi categórico ao afirmar que o que ocorre em regiões como La Araucanía e Biobío não pode ser classificado como "violência terrorista".

"O que há é violência terrorista, violência delituosa. Desde 1997, com o primeiro atentado em Lumaco, até hoje contabilizamos 506 ataques contra trabalhadores, empresários florestais e suas famílias. Não existe outro país florestal no mundo que suporte estas condições", assegurou.

Nessa linha, acusou falta de vontade política para enfrentar os grupos armados responsáveis pelos fatos e advertiu que a insegurança tornou-se uma ameaça permanente para a atividade produtiva e seus empregados.

Enquanto o especialista em segurança Juan Ignacio Nicolossi, com experiência no Ministério do Interior, explicou que "embora o relatório atribua a maioria dos atos à causa mapuche, há 37% que se relacionam com anarquismo ou conflitos sociais. Este fenômeno vai além da Macrozona Sul e arrasta-se desde o estouro social até hoje".

O fantasma do terrorismo interno

O Global Terrorism Index adverte que o Chile é o país melhor posicionado na lista mundial que não tem guerra ativa, o que evidencia como a violência doméstica impacta na percepção global de segurança.

"A presença de atos terroristas que buscam gerar temor na população para influir em processos democráticos é o que mais assusta. O grande problema é que, apesar de contar com uma nova lei antiterrorista, não existe consenso político sobre se efetivamente enfrentamos terrorismo", acrescentou Nicolossi.

Comparação regional

Na América Latina, a Colômbia aparece na 15ª posição, com um conflito armado interno de longa data. O Chile, por sua vez, sem guerra aberta, situa-se apenas seis lugares abaixo.

O relatório recorda experiências internacionais, como a Espanha com o ETA e a Irlanda com o IRA, onde a chave para enfrentar a violência foi o consenso político transversal.

"Somente quando todas as forças políticas reconhecem a existência do terrorismo e concordam em enfrentá-lo, consegue-se uma solução estável", concluiu Nicolossi.

Fonte:LUN


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