Fechamento de serrarias atinge a região: PMEs florestais pedem modernização da política do setor

Fechamento de serrarias atinge a região: PMEs florestais pedem modernização da política do setor

Tanto na região de Biobío quanto a nível nacional existe preocupação com o fechamento sustentado de serrarias durante os últimos anos, sobretudo aquelas pertencentes a pequenos e médios empresários.

Segundo dados do Instituto Florestal (Infor), nos últimos cinco anos cerca de 200 serrarias baixaram suas cortinas no Chile, o que representa mais de 25% do total. Nesse contexto, a região mais atingida é, precisamente, a de Biobío, onde se concentram a maioria das plantas e PMEs florestais do país.

“Isso não é um problema menor. O setor florestal está vivendo uma crise que afeta sobretudo as pequenas e médias serrarias. Se continuarem fechando, todo o ecossistema produtivo será enfraquecido, inclusive as grandes companhias”, advertiu Michel Esquerré, presidente da Pymemad, sindicato que reúne pequenas e médias empresas (PMEs) madeireiras.

PROCESSO SUSTENTADO

Na região de Biobío, o fechamento de serrarias tornou-se uma situação recorrente nos últimos anos. Apenas entre 2020 e 2023, cerca de 20 plantas baixaram definitivamente suas cortinas, o que deixa para trás não apenas estruturas vazias, mas também famílias que dependiam diretamente dessa fonte de trabalho.

Não é uma situação repentina. A partir de 2010 em diante, os números mostram uma tendência constante de baixa na ocupação dentro da indústria florestal primária. Naquela época, o setor empregava cerca de 15.160 trabalhadores. Treze anos depois, em 2023, esse número reduziu-se para 9.889, o que marcou uma queda sustentada que atinge com força uma região que historicamente tem vivido da madeira.

AS RAZÕES DO DECLÍNIO

A redução não se deve apenas a um problema de competitividade nos mercados internacionais, mas também aos efeitos dos incêndios florestais, a mudanças na demanda e à falta de renovação tecnológica em várias das serrarias da região.

Michel Esquerré apontou várias causas. A primeira é histórica: "Desde 2010 deixou-se de fomentar os pequenos e médios proprietários florestais. O Estado investia em plantações e recuperava várias vezes o investido a longo prazo, mas isso foi abandonado".

A isso soma-se a falta de modernização na classificação das PMEs. Hoje, uma empresa local que fatura $3.000 milhões por ano e dá emprego a um centena de pessoas fica na mesma categoria que uma grande companhia que movimenta bilhões de dólares e tem dezenas de milhares de trabalhadores. "Isso é absurdo, já que distorce todo o sistema e deixa as PMEs sem ferramentas”, afirmou.

Outros fatores são a ausência de cadeias produtivas robustas, a visão de curto prazo na política — num setor onde as árvores são plantadas pensando que levam aproximadamente 20 anos para crescer e poderem ser comercializadas — e os estragos que os incêndios deixaram em florestas de pequenos e médios proprietários.

ROUBO DE MADEIRA E SEGURANÇA

Em relação ao roubo de madeira, que por anos foi uma das dores de cabeça do setor, o sindicato assegurou que hoje já não é um tema grave.

"O roubo de madeira diminuiu em 97%. Foram implementados controles, rastreabilidade, geocercas, guias eletrônicas e GPS nos caminhões. Hoje, o setor florestal é um dos mais rastreáveis do país, inclusive mais que a agricultura", afirmou Esquerré.

APELO URGENTE AO ESTADO

Da Pymemad foi feito um apelo claro para modernizar a política florestal, fortalecer a classificação das PMEs e apoiar os pequenos proprietários.

"O abandono dos pequenos e médios donos de florestas é lastimável. Eles não têm como investir nem como assegurar suas plantações frente a incêndios. Se o Estado os apoia, é um negócio redondo para todos: geram-se empregos, cuida-se do território e arrecada-se mais no futuro", enfatizou Esquerré.

A isso soma-se outro problema: o aumento dos custos pelas novas leis trabalhistas e de conformidade que, embora bem-intencionadas, atingem com mais força as PMEs que não podem repassar as despesas aos preços, ao contrário dos grandes conglomerados.

"No final, o que acaba acontecendo é mais concentração econômica. E o Chile já é um país demasiadamente concentrado", concluiu o representante sindical.

UM OLHAR SOBRE O FUTURO DO SETOR

O setor florestal, lembram da Pymemad, é chave para a economia e também para a luta contra a mudança climática.

"Plantar árvores é um dos instrumentos mais efetivos para a descarbonização. Mas se deixarmos as PMEs morrerem, enfraquecemos todo o ecossistema florestal. É urgente modernizar o sistema de classificação e dar fôlego às empresas médias, que são fundamentais para o futuro do país", finalizaram.

Fonte:La Tribuna


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