Relatório Econômico Regional ressalta o peso do setor florestal na economia do Biobío
O lançamento da edição N°57 do Relatório Econômico Regional (RER), desenvolvido pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de Concepción, destacou novamente a centralidade do setor florestal na atividade produtiva do Biobío.
Segundo o relatório, durante 2024 as exportações florestais superaram US$ 3,638 bilhões, representando 70% do total regional. No primeiro semestre de 2025, apesar da contração geral das vendas externas (-6,5% em relação ao mesmo período do ano anterior), a indústria florestal manteve sua predominância, contribuindo com 65% das exportações.
Exportações e demanda externa
O RER adverte que a economia regional continua marcada por uma forte dependência da demanda externa, em particular da celulose, painéis e molduras de madeira. Este padrão tem sido um motor de crescimento sustentado, embora também exponha o Biobío à volatilidade internacional e à contração de parceiros comerciais.
Durante 2023, o PIB regional cresceu notáveis 5,9%, mas ao final de 2024 o número moderou-se para 2,5%, alinhado com a desaceleração global. No entanto, o início de 2025 trouxe sinais encorajadores: o PIB regional avançou 4,4% no primeiro trimestre, superando a média nacional, impulsionado pela produção de bens e, dentro dela, o impulso florestal.
Consumo interno e emprego
O documento também ressalta que o dinamismo externo contrasta com a fraqueza da demanda interna. O consumo das famílias e o investimento permanecem estagnados, refletindo um baixo impulso do mercado local. A demanda interna na região cresceu apenas 0,4% em 2024, e no primeiro trimestre de 2025 voltou a cair (-0,2%).
O mercado de trabalho continua tensionado: a criação de empregos no Biobío atingiu apenas 1,1%, frente a um aumento de 3,6% na força de trabalho, o que elevou a taxa de desemprego e mostra que a região ainda não recuperou os níveis pré-pandemia.
Vozes da análise
Para o diretor do RER, Iván Araya Gómez, a evolução da inflação nacional e regional será fundamental no curto prazo: "Continuamos sustentando que a inflação durante este ano deveria continuar sua trajetória em direção à meta central de 3%, por isso acreditamos que a inflação este ano será de 4%", afirmou.
Enquanto isso, o secretário regional ministerial da Fazenda do Biobío, Sebastián Rivera Yáñez, destacou a relevância de contar com uma análise regional detalhada: "Isto é importante para o desenho de políticas públicas com um olhar regional que complementa o nacional".
Rivera ressaltou que a região precisa de estabilidade na execução de políticas e parcerias público-privadas que fortaleçam emprego, investimento e exportações: "São necessários incentivos adequados que visem ampliar a matriz produtiva regional", pontuou.
Uma região florestal em busca de diversificação
O Biobío consolida-se assim como uma região cujo crescimento depende em grande medida da indústria florestal, mas cujos desafios concentram-se em diversificar sua matriz produtiva, dinamizar o consumo interno e melhorar a geração de empregos.
O relatório propõe que, embora a força exportadora florestal tenha sustentado a economia regional, o futuro exige equilibrar este motor com novas atividades industriais e de serviços que permitam enfrentar a volatilidade internacional e gerar um desenvolvimento mais inclusivo e estável.