Presidente da Pymemad pede maior integração entre grandes e pequenas empresas
O presidente nacional da Pymemad, Michel Esquerré, apresentou no programa Conversando com a Acoforag um diagnóstico crítico sobre a situação da indústria florestal no Chile. Segundo detalhou, nos últimos cinco anos fecharam mais de 200 serrarias, o que significou a perda de milhares de empregos diretos e indiretos.
"Estamos diante de uma falha sistêmica que vem de mais de quinze anos, quando se deixou de fomentar os pequenos e médios proprietários florestais", afirmou Esquerré, citando dados do Instituto Florestal (Infor). Lembrou que anteriormente existiam instrumentos como a Lei 701 que incentivavam o plantio em diferentes segmentos produtivos, mas que com o tempo os médios ficaram fora do apoio estatal.
Falta de diálogo e cultura de cooperação
Para Esquerré, a crise não é apenas responsabilidade do Estado, mas também do próprio setor. "Falhamos todos: grandes companhias, PMEs e associações sindicais. Não levantamos a voz a tempo, não houve diálogo nem cooperação. O empresariado chileno tende a ser muito individualista, com pouco encadeamento produtivo", sustentou.
O dirigente lembrou que somente após os grandes incêndios de 2017 e 2023 foram geradas instâncias de articulação como o Futuro Madeira, que reúne diversos sindicatos para enfrentar desafios comuns.
Queda da participação exportadora das PMEs
O impacto nas pequenas e médias indústrias é evidente: enquanto em 2015 representavam cerca de 10% das exportações florestais, hoje não superam 4%, com uma concentração crescente nas mãos de grandes companhias.
Esquerré explicou que a maioria dos sócios da Pymemad produz para o mercado nacional, enquanto as grandes empresas dominam o negócio exportador desde os portos do Biobío e Ñuble. "Nestas regiões, a participação das grandes companhias supera 90%. Não competimos com elas porque a diferença é abismal", afirmou.
Relação com o meio ambiente e a sociedade
Outro dos pontos abordados foi a percepção social e política sobre o setor. Esquerré criticou a falta de reconhecimento da contribuição florestal para a descarbonização da economia, assim como a ausência de um vínculo construtivo com o Ministério do Meio Ambiente. "Em outros países se promove o plantio de florestas como estratégia climática. No Chile, em troca, o olhar para o setor florestal é de desconfiança", disse.
Esta desconexão, assegurou, se agrava quando ocorrem incêndios. "A cidadania acredita que as grandes companhias não perdem porque têm seguros, mas o maior dano o sofrem os pequenos e médios proprietários, que veem como se queimam suas casas, viveiros e a poupança de toda uma vida em um bosque".
Um chamado a um novo pacto setorial
Diante deste panorama, Esquerré chamou a repensar a relação entre grandes empresas, PMEs, contratistas, academia e Estado. "Não pedimos subsídios, pedimos estar incluídos nos planos estratégicos. Cada decisão de investimento deve considerar seu efeito nas comunidades e nas pequenas indústrias que sustentam o setor", recalcou.
Advertiu que enquanto persistir a desconexão interna e não se construir uma narrativa comum, será difícil reverter a imagem negativa do ramo. "O dano de um é o dano de todos. Se não conseguirmos transmitir essa ideia, continuaremos deixando que se fale mal do setor florestal sem ter a força para contrarrestá-lo", concluiu.
A entrevista completa no canal do Youtube da Acoforag: